Eugénio Fonseca deseja uma «Igreja locomotiva do mundo e não um vagão dos últimos»
Fátima, Santarém, 16 set 2016 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa afirmou que a celebração dos 60 anos de presença em território nacional do braço caritativo da Igreja Católica tem de ser um momento de apontar a novos desafios, levando a doutrina social ao terreno.
“Julgo que o grande desafio é decididamente uma aposta na aproximação do Pensamento Social da Igreja, o conhecimento que os cristãos têm tão pouco dele, e depois tentar compaginar àquilo que são as bases essenciais desses ensinamentos com a ação que realizamos”, disse Eugénio Fonseca à Agência ECCLESIA.
Em Fátima, à margem de uma sessão evocativa dos 60 anos da Cáritas Portuguesa, esta quinta-feira, o responsável observou que o mundo “está a ter um excesso de transformação” e, muitas vezes, não houve a “capacidade de perceber com a antecedência razoável” que estavam a acontecer com a “manutenção de respostas” que “não eram, propriamente, as necessidades das pessoas”.
“Em termos gerais, temos de passar de uma ação que se tem centrado demasiado na resposta aos problemas e nem tanto nas causas que geram esses problemas. Temos de ter uma ação social geradora de transformações”, desenvolveu.
O presidente da Cáritas Portuguesa, neste contexto, alertou que não deve haver “fixação em determinados problemas”, esquecendo outros, e deseja que “a Igreja seja locomotiva do mundo e não um vagão dos últimos”.
Entre os desafios, indicou como “fundamental” a formação que visa a “consciencialização” porque é importante a renovação da mentalidade existente e das próprias pessoas
“Precisamos para esta ação da dimensão social, do compromisso social da fé, de gente mais nova não dispensando a experiência dos mais velhos”, acrescentou, assinalando o “despertar dos jovens”.
Segundo o entrevistado é preciso também aceitar, “sem qualquer preconceito”, que têm uma “missão política”, uma vez que, é ação social e caritativa mas “não deixa de ser política no sentido etimológico da palavra”.
Analisando 60 anos de serviço da instituição católica, o seu presidente refere que “uniram sempre” a preocupação de “não deixar para trás” a resposta às necessidade das pessoas mas, ao mesmo tempo, “apostar-se” na sua promoção.
O secretário-geral da Cáritas Portuguesa destacou o período mais recente, os últimos três anos, onde o “grande desafio”, que é a ação social paroquial. tem sido trabalhar para “promover uma ação organizada dentro das comunidades cristãs”, um desafio que vão continuar a ter.
À Agência ECCLESIA, João Pereira adiantou que vão começar a implementar um novo plano estratégico para o período 2017-2020, onde o desafio, já definido mas que estão a estruturar até ao Conselho Geral de novembro, é “Cáritas coração da Igreja no mundo”.
“O espectro da atuação será essencialmente em três dimensões. Três desafios relacionados com a nossa ação que tem de ser atenta, presente mas também transformadora, não são novos mas temos que os reinventar”, desenvolveu o secretário-geral da Cáritas Portuguesa.
Por sua vez, o assistente religioso da Cáritas Portuguesa destacou que a instituição é uma “rede capilar de atenção e de cuidado” em relação aos mais excluídos, aos mais pobres.
“Essa dimensão da caridade é fundamental, na Igreja beneficiamos todos da ação da Cáritas no animar a pastoral social da Igreja em Portugal”, assinalou o padre José Manuel Pereira de Almeida.
À Agência ECCLESIA, o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social assinala que como no início da Cáritas Portuguesa agora existe “o desafio dos refugiados” que é “particularmente significativo na sociedade portuguesa”.
CB/OC