O bispo de Metz (França), D. Paul Joseph Schmitt, em nome de setenta bispos, fez referência às virtudes do mundo moderno e “deu-lhe graças por ter contribuído para uma melhoria da Igreja”.
Durante os debates conciliares, muitos participantes desta assembleia magna realizada no Vaticano (1962-65) acusaram o mundo moderno de ter colocado entraves na evangelização. Quando se discutia o «famoso» esquema 13, a maioria dos padres conciliares apontava os males e os gemidos nascidos com o mundo moderno. No entanto, a assembleia também tinha vozes dissonantes. Foi o caso do bispo de Metz (França), D. Paul Joseph Schmitt, que em nome de setenta bispos, fez referência às virtudes do mundo moderno e “deu-lhe graças por ter contribuído para uma melhoria da Igreja”.
Na obra «O Diário do Concílio» de Henri Fesquet, lê-se que o prelado daquela diocese francesa enumerou alguns fatos positivos do mundo moderno. “Um maior interesse pela liberdade religiosa”; “Uma valorização, graças à socialização, dos aspetos comunitário e colegial” e “O alargamento das dimensões da sua justiça e até da sua caridade”. D. Paul Joseph Schmitt realçou também, na Basílica de São Pedro, que o mundo moderno trouxe “uma melhor vivência da sua catolicidade, graças às novas interdependências entre os vários povos e civilizações” e “Uma melhor compreensão do carácter vivo da sua Tradição, graças ao espírito de pesquisa e de invenção que no mundo profano se manifesta”, lê-se no Volume III da obra de Henri Fesquet (página 130).
A Igreja deve “dar graças por tudo o que o mundo apresenta de esforço para o mais humano e tentar transpor”, para a sua vida, os valores positivos que o “mundo de hoje lhe oferece, tais como o sentido da liberdade e dignidade humanas, a preocupação pela verdade científica e pela verdade histórica”, ainda que para isso, para uma maior humanidade evangélica, “tenha de colocar em questão algumas das suas maneiras de ser e de agir”. A Igreja tem de reconhecer que o seu futuro “passa necessariamente pelo hoje do homem e do mundo a que deve estar presente”, frisou Henri Fesquet.
O bispo coadjutor de Estrasburgo (França), D. Léon Arthur Elchinger colocou também o «dedo na ferida» quando disse que “mesmo em países de tradição cristã persiste, em muitos homens, uma desconfiança em relação à Igreja, devido à estreiteza de vistas, ao espírito de domínio, à falta de respeito e de amor para com o esforço cultural do homem, coisas de que aquela tem sido acusada no decurso dos últimos cinco séculos”. E concluiu: “Durante muito tempo, a Igreja não soube escutar o mundo e, como tal, não foi suficientemente fiel à sua missão apostólica”.
LFS