China: Bispo católico da «Igreja Clandestina» está desaparecido

Lisboa, 14 set 2016 (Ecclesia) – A Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta para o desaparecimento de D. Pedro Shao Zhumin que foi nomeado pelo Vaticano como bispo coadjutor de Wenzhou, na Província de Zhejiang, na costa sudeste da China.

“Confirmam-se assim os receios de que as autoridades iriam impedir que o prelado celebrasse não só o funeral de D. Vincenzo Zhu Weifang, como assumisse o lugar atribuído pelo Vaticano como bispo ordinário da diocese”, assinala a AIS, numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.

A fundação pontifícia contextualiza que D. Pedro Shao Zhumin, que pertence à denominada “Igreja Clandestina”, “terá sido sequestrado pelas autoridades” dias antes do bispo local, D. Vincenzo Zhu Weifang, ter falecido a 7 de setembro, e cujo funeral decorreu “perante milhares de pessoas”, esta terça-feira.

O prelado desaparecido pertence à comunidade católica local “fiel a Roma”, por isso, a sua nomeação pelo Papa Francisco “não foi reconhecida pelas autoridades comunistas”.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre contabiliza ainda que para além de D. Pedro Shao Zhumin também estão três sacerdotes “dados como desaparecidos” e um é o secretário pessoal do bispo coadjutor da Diocese de Wenzhou, na Província de Zhejiang.

O secretariado português da AIS divulga que, segundo a agência de notícias ‘AsiaNews’, “todos os sacerdotes locais” que não pertencem à Associação Patriótica “terão sido contactados” pelas autoridades chinesas para não participarem” no funeral se não “solicitassem autorização”.

As cerimónias fúnebres do bispo de 90 anos “transformaram-se numa enorme manifestação de fé” com a participação de cerca de cinco mil fiéis, apesar das restrições das autoridades comunistas da localidade na costa sudeste da China.

D. Vincent Zhu Weifang que morreu vítima de cancro, no dia 7 de setembro, “passou mais de duas décadas detido em campos de reeducação” e só foi reconhecido oficialmente “como líder diocesano” pelas autoridades políticas em 2010.

Segundo a fundação AIS, a Diocese de Wenzhou é conhecida como a “Jerusalém da China” e tem sido notícia, nos últimos meses, pela “campanha de demolição de cruzes”, promovida pelo governo local “a pretexto de uma intervenção a nível urbanístico e administrativo”, e pela “resistência” da comunidade cristã.

CB

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Agência ECCLESIA

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