Cardeal-patriarca de Lisboa escreveu ao clero e às comunidades católicas na abertura do novo ano pastoral
Lisboa, 01 set 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa assinalou hoje o início do novo ano pastoral desafiando a diocese a dar testemunho na sociedade do “modo cristão de ser”, que convida a uma “vida em abundância”.
Na sua carta pastoral dirigida ao clero diocesano e às comunidades católicas da região, publicada na página online do Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente sublinha que ser cristão não é “estar no mundo como tantos mais” mas fazer-se “participante do Espírito de Cristo e alargando o seu reino”.
“Neste sentido, pode dizer-se que o nosso programa essencial está feito há dois milénios”, prossegue o cardeal-patriarca, salientando que “para leigos, consagrados e clérigos, trata-se de, pela palavra e pelo testemunho, partilhar com cada pessoa e em cada momento a possibilidade propriamente cristã de viver”.
Ser fiel à “identidade cristã”, na sociedade atual, marcada por uma “cultura tão rarefeita e dispersa”, implica ainda “redescobrir e partilhar o modo cristão de ser, como possibilidade concreta de vida em abundância”.
“Significa iniciação cristã autêntica e vida em Cristo sempre, pessoal, familiar e comunitariamente levada”, reforça D. Manuel Clemente.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa aponta depois três acontecimentos que poderão potenciar a vivência e o testemunho cristão ao longo do ciclo 2016-2017.
A entrada na reta final do Sínodo Diocesano de Lisboa, em especial com a assembleia que decorrerá entre 30 de novembro e 04 de dezembro “que lhe dará redação final”.
Também a comemoração dos 300 anos da qualificação patriarcal da Diocese de Lisboa e dos 100 anos das aparições de Nossa Senhora em Fátima.
Sobre “a caminhada sinodal”, iniciada em 2014, D. Manuel Clemente destaca o “sonho missionário de chegar a todos”, que a norteou, e a importância deste esforço comum não terminar por aqui, antes ser cada vez mais aplicado “na vida das comunidades e da diocese no seu todo”.
Aqui o cardeal-patriarca deixa alguns critérios que foram sendo discernidos ao longo do Sínodo e que “poderão desde já orientar a vida das comunidades”.
Como o “critério do tempo, disponibilidade para acompanhar pessoas e situações; o critério da unidade, prevalecendo sobre tensões e conflitos; e o critério da evangelização, (re)configurando nesse sentido todas as estruturas e rotinas”.
Sobre o tricentenário da qualificação patriarcal de Lisboa, que remonta a 7 de novembro de 1716, pelo Papa Clemente XI, D. Manuel Clemente lembra que ele teve como origem o reconhecimento pelo “empenho” português na “propagação da fé“.
Um acontecimento que “trezentos anos depois, só pode lembrar-nos a nós, num contexto histórico e eclesiástico tão diferente, que toda a Igreja é uma realidade missionária, como a missão há de ser vivida agora, em termos de nova evangelização e reciprocamente ad gentes”, escreve o responsável católica.
Para maio de 2017 está reservada a comemoração em todas as dioceses do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, evento que “reforçará em todo o ano pastoral a dimensão mariana essencial à Igreja”.
Referindo-se ainda ao Ano da Misericórdia que está a decorrer, D. Manuel Clemente conclui a sua carta apelando aos católicos para que nunca ponham de lado “essa mesma misericórdia, que os identifica com o próprio Deus, na atenção prioritária aos mais pobres e frágeis”.
JCP