Padre Constantino Alves faz balanço do serviço social que alia refeição com formação humana
Setúbal, 04 jul 2016 (Ecclesia) – O “Restaurante Social” da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na Diocese de Setúbal, celebrou cinco anos de atividade de um espaço que além das refeições procurou ajudar a “reconstruir interiormente as próprias pessoas”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Constantino Alves destacou hoje alguns “aspetos significativos” de cinco anos de atividade do restaurante social, como a constatação que foi implementado para responder a “uma necessidade muito real e concreta” que tem “permanecido ao longo dos anos”.
O responsável da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição assinala a “experiência muito rica” de articulação da ação social direta – “dar de comer a quem tem fome no imediato” – com outras dimensões das pessoas, como: “Autoestima; responsabilização ou comparticipação na sua própria vida através da participação financeira, muito simbólica, com as possibilidades da família; a inclusão social.”
Com a Cáritas Diocesana de Setúbal, recorda, desenvolveram programas de formação em áreas de “gestão do orçamento familiar; aproveitamento de refeições; utilização de materiais para comercializar; vida em grupo; descoberta de si mesmo”.
A valência social da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Setúbal, foi inaugurada a 29 de junho de 2011, e diariamente serve em média 115 refeições e, até ao momento, distribuiu cerca de 212 mil, tendo beneficiado 436 famílias e 1430 pessoas, incluindo sábados, domingos e “véspera de Natal, de Páscoa”.
O padre Constantino Alves recorda o objetivo da obra não ser caracterizada como uma “cantina de pobres, de estigmatizados” e ao longo de cinco anos a comunidade humana diversificada “ajudou a formar coesão”.
Neste contexto, refere que rede de voluntários é composta por cerca de 35 pessoas, que ao longo de cinco anos “teve mobilidade” por diversos fatores, mas “cerca de 80 voluntários têm prestado serviço” que ajudou a “criar um corpo de pessoas solidárias não apenas no território da paróquia como na cidade sadina.
Na zona paroquial de Nossa Senhora da Conceição a procura pelo serviço social encontra na pobreza as “principais raízes” motivada pelo “desemprego, trabalho precário, baixos salários”, bem como pensões e reformas, e “outros fatores como famílias monoparentais, famílias desestruturadas”.
O sacerdote do Instituto Religioso Filhos da Caridade alerta para o “déficit nas políticas sociais”, nos seus “procedimentos” porque “há períodos de carências muito grandes” entre o momento de desemprego e o “direito ao RSI, ao subsídio de desemprego”.
Segundo o responsável a nível diocesano o restaurante social tem sido “valorizado e acarinhado como obra positiva” primeiro pelo bispo agora emérito, D. Gilberto Canavarro, e atualmente por D. José Ornelas.
O sacerdote comenta ainda o “carinho e atenção especial” de diversos deputados de diferentes círculos partidários que “ficam encantados” pela resposta de combate à pobreza mas também pelas linhas fundadoras e orientadoras da “dignificação das pessoas; responsabilização, formação e inclusão social” que “é marca identitária” desse serviço.
O quinto aniversário do restaurante social, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, foi celebrado com um jantar dos voluntários, onde esteve o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, no dia 1 de julho.
A refeição foi “servida por alguns utentes” e foi entregue um “diploma de reconhecimento” a cada voluntário como “lembrança simbólica”, disse ainda o padre Constantino Alves.
CB