Organismo católico recorda que está em causa a vida e a dignidade das pessoas
Bruxelas, 04 jul 2016 (Ecclesia) – A Cáritas Europa está preocupada com a falta de soluções existentes para a resolução da crise de refugiados, questionando a capacidade até agora demonstrada pela Comissão Europeia para apoiar quem mais precisa.
Numa análise realizada por Bob van Dillen, especialista da organização católica para a área das Migrações e do Desenvolvimento, são vários os episódios apontados para ilustrar a inoperância da UE perante os perigos que ameaçam os refugiados.
“Há algumas semanas, um grupo de refugiados sírios foi ferido a tiro por guardas fronteiriços, junto à entrada para a Turquia. Oito pessoas morreram, incluindo quatro crianças”, recorda Bob van Dillen, que dá também contra de outros casos de maus tratos e atrocidades que atentam contra as fundações europeias baseadas “na solidariedade e na proteção dos direitos humanos e da dignidade”.
Para aquele especialista, estes casos deveriam levar a rever o acordo assinado entre a UE e a Turquia, relativamente aos refugiados.
No entanto, “em vez disso, a UE prefere olhar para o lado e fechar os olhos, para que este acordo possa ser mantido”.
Questionando “que tipo de agenda é que a UE está a seguir”, Bob van Dillen enumera depois algumas medidas que deveriam ser postas em prática para dar a volta a esta situação.
Para aquele responsável, o caminho não pode estar em “manter migrantes e refugiados fora” das fronteiras europeias, “a qualquer custo, ameaçando os países de origem ou de passagem com reduções nas ajudas ao desenvolvimento ou nas relações comerciais”.
“Cortar verbas para programas de desenvolvimento estrutural a longo prazo apenas irá afetar aqueles que a União Europeia deveria proteger”, frisa Bob van Dillen.
O membro da Cáritas salienta a urgência de pegar no problema dos refugiados e migrantes assegurando em primeiro lugar assegurando a essas pessoas alternativas mais “seguras” para chegarem à Europa.
Ao mesmo tempo, considera fundamental acabar com a migração “forçada”, de modo a que ela “passe a ser uma opção e não uma necessidade”.
“Os 65 milhões de refugiados e deslocados em todo o mundo mostram claramente a necessidade dos líderes europeus reverem as suas políticas internacionais e de segurança baseadas em interesses económicos e geopolíticos. Grande parte das crises atuais são artificialmente criadas e têm de ser terminadas”, aponta Bob van Dillen.
O especialista em Migrações e Desenvolvimento dá como exemplos os conflitos na Síria e no chamado “Corno de África”, que engloba países como a Somália, a Etiópia e a Eritreia.
JCP