Loulé: Padre José Tolentino Mendonça recebeu Grande Prémio de Literatura Associação Portuguesa de Escritores

Loulé, Faro, 06 mai 2016 (Ecclesia) – O padre e poeta José Tolentino Mendonça recebeu esta quinta-feira o Grande Prémio de Literatura da Associação Portuguesa de Escritores/Câmara Municipal de Loulé, no salão nobre do município algarvio.

Com o livro 'Que coisas são as nuvens', que reúne crónicas publicadas semanalmente no jornal ‘Expresso’, o padre e escritor madeirense foi o vencedor desta primeira edição.

Segundo o padre José Tolentino Mendonça escrever crónicas “é aceitar um confronto com a própria realidade”, é um momento de “respiração muito curiosa” porque permite-lhe ser “transfronteiriço”.

“É muito necessário fazer o gesto de levantar os olhos daquilo que nos parece o confuso da materialidade dos próprios acontecimentos, dos factos brutos da nossa pequena história e procurar outros pontos de vista, uma grandeza que, muitas vezes, se oculta no fragmento, no insignificante, naquilo que aparentemente não tem qualquer valor”, disse o também vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa.

O autor explica que o título – ‘Que coisa são as nuvens’ – é ser capaz de “abrir pausas” para uma contemplação mais profunda, “para os lugares que não têm resposta”.

No salão nobre da Câmara Municipal de Loulé, o padre José Tolentino Mendonça assinalou que o escritor tem de dar ao seu tempo “a emoção, o arrepio”, que não é apenas uma coisa de pele, “mas uma coisa muito mais profunda”.

“O dever humilde de um escritor é também testemunhar a beleza possível, hipotética, latente e arrepiante que é nossa companheira de todos os dias, mesmo quando nos parece que, historicamente, estamos afundados na lama, no conflito e nos bloqueios históricos”, declarou.

Revelando-se “muito agradecido” pela distinção o sacerdote e escritor comentou que o prémio é também “um encorajamento” para continuar a desenvolver um exercício que “afinal interessa” aos seus contemporâneos.

A chefe da Divisão de Cultura e Património da Câmara Municipal de Loulé explicou que o grande prémio de literatura “pretende tornar-se numa referência nacional” na divulgação da literatura e dos seus autores.

Dália Paulo informou que a distinção, com um valor pecuniário de dez mil euros, destina-se a galardoar, anualmente, “uma obra em português e de um autor português publicada em livro e em primeira edição em Portugal no ano anterior ao da sua entrega”.

O júri do Grande Prémio de Literatura, que teve cerca de 50 obras candidatas ao prémio, foi constituído pelo poeta ensaísta algarvio Casimiro de Brito, o professor catedrático da Universidade de Coimbra José Ribeiro Ferreira e professor associado da Universidade Católica Portuguesa José Cândido Oliveira Martins.

O presidente da Associação Portuguesa de Escritores afirmou que na “total liberdade da decisão” foi de forma unânime que se chegou à distinção que “recai, pesadamente, sobre os ombros” de José Tolentino de Mendonça.

Para José Manuel Mendes as crónicas reunidas na obra ‘Que coisas são as nuvens’ é “exemplar pela grandeza e diversidade dos temas, pela profundidade da análise e pela qualidade e singularidade da escrita”.

O padre madeirense assinalou que como escritor, como teólogo, como cidadão aquilo que o define “é transportar uma pergunta” e abrir-se a uma pergunta: “Até mais do que as respostas provisórias que fui encontrando, o que me fascina mais é a persistência dessa pergunta”, divulgou o jornal diocesano ‘Folha do Domingo’.

CB

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top