Igreja/Sociedade: Papa Francisco abriu «novo capítulo» – Tomás Halík

Teólogo checo vai falar na Culturgest sobre «O Regresso de Deus»

Lisboa, 03 mai 2016 (Ecclesia) – O teólogo e escritor checo Tomás Halík, que vai falar hoje no auditório da Culturgest, em Lisboa, sobre ‘O Regresso de Deus’, considera que o pontificado de Francisco deu um “novo estilo” à Igreja Católica.

“É um novo capítulo na história do Cristianismo”, disse o sacerdote católico, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Para o autor, Francisco apresenta-se como “uma grande personalidade espiritual” e é admirado por muitas pessoas “pela sua coragem de abordar questões polémicas do nosso tempo e de falar delas muito abertamente”.

Estas posições têm conquistado a simpatia de cristãos, mas também de não-crentes e de pessoas que se afastaram da Igreja, refere o padre Halík.

“Algumas destas pessoas dizem-me: este Papa leva-nos muito a sério”, relata.

Para o sacerdote checo, a marca mais evidente do pontificado é a “compreensão pelos problemas de hoje” de um pontífice que “ama as pessoas, está muito perto delas”.

Tomás Halík entende ainda que é necessário rejeitar uma visão de “culto pessoal” do Papa Francisco, como o próprio tem feito questão de sublinhar.

“O mais importante é a sua mensagem”, insiste.

Uma tarefa que deve envolver os teólogos e pensadores católicos, chamados a “desenvolver” esta mensagem do Papa e a “apoiar” Francisco.

O padre Halík está em Portugal para um conjunto de conferências e celebrações, ligados principalmente à apresentação da sua nova obra, ‘Quero que tu sejas – Podemos acreditar no Deus do amor?’.

O vencedor do ‘Prémio Templeton’ 2014, atribuído pela Fundação John Templeton (EUA), considera que as novas gerações vivem num outro ambiente cultural, que exige respostas diferentes ao nível da transmissão da fé, por parte dos católicos.

“Às vezes, a fé tradicional está a morrer, mas depois da morte deve vir a ressurreição. A verdadeira fé cristã é a fé da ressurreição, que passou por este momento da morte, da não-crença, da dúvida”, assinala.

Para o teólogo, não se trata de “voltar à fé dos antepassados”, mas de algo diferente, “mais profundo, reflexivo”.

“Devemos aceitar esta experiência da transcendência de Deus, para depois encontramos este Deus que está tão perto de nós que nem o vemos”, explica o padre Halík.

O sacerdote cresceu na antiga Checoslováquia, sob o regime comunista, e esteve ligado à “universidade clandestina” e à “Igreja subterrânea”, depois de um percurso de aproximação e conversão ao catolicismo.

Esta experiência “dura” de perseguição marca a sua obra, aberta a quem está “à procura” ou se encontra afastado da fé católica.

“No diálogo, podemos descobrir que temos muito em comum”, sustenta.

A conferência ‘O Regresso de Deus’ na Culturgest, marcada para as 18h30, tem entrada gratuita e exige confirmação prévia de presença.

OC

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