Portugal: Educar para os «direitos dos outros» é «um instrumento de convivência social»

«Nova Ágora» debate políticas de educação com antigos ministros

Braga, 05 mar 2015 (Ecclesia) – O antigo ministro da Justiça Laborinho Lúcio defendeu na segunda sessão do ciclo de conferências ´Nova Ágora´, em Braga, que a escola deve ter como “desígnio fundamental os direitos do outro”.

"Não quer dizer que não se eduque para os deveres. Educar para os direitos é educar para os direitos do outro, não é educar para os próprios direitos”, disse Laborinho Lúcio citado pela página da internet da Diocese de Braga.

Para o ex-ministro da Justiça, na medida em que se educar para os direitos dos outros, é possível “ter nos direitos um instrumento de convivência social”.

“Pergunto se não é esse o caminho da educação e se não seria bom um dia termos uma escola tendo como desígnio fundamental os direitos do outro, tendo como garantia que assim teríamos respeitados os direitos de cada um", defendeu.

Para Laborinho Lúcio, a escola tem de ajudar a “saber pensar”, “saber escolher” e “ensinar a fazer", dependendo do exercício a aprendizagem de todos os conteúdos e dos valores.

“A escola só ensina solidariedade se for um espaço solidário. A criança percebe este tipo de valores através do exemplo dado”, sustentou.

Num sessão moderada por Fátima Campos Ferreira, a conferência “Olhares sobre a educação” contou com comunicações de Marçal Grilo, antigo ministro da Educação, e António Guterres, antigo primeiro-ministro.

Para Marçal Grilo, é necessário estabelecer acordos a médio prazo entre todos os intervenientes na educação que permitam um “desenvolvimento harmónico para o setor”, condição fundamental para o “desenvolvimento económico, cultural e social de uma sociedade moderna”.

Para o ex-ministro da Educação, o papel dos pais na educação, valorizado em diferentes intervenções, tem de se distinguir pela capacidade de “orientar, dar o exemplo e mostrar o caminho dentro dos valores que devem presidir à formação antes de se entrar na idade adulta”.

“Os pais não têm que dar aulas de matemática, português ou ciências. Mas têm o dever de ajudar os seus filhos a construir a sua própria trajetória, assumindo por inteiro as responsabilidades que lhes cabem”, referiu Marçal Grilo, citado pela página da internet da Diocese de Braga.

A “despreocupação em relação à educação da população em geral” por parte das elites portuguesas, a afirmação dos valores da solidariedade e da tolerância na escola como “um fator decisivo de integração” e a convicção de que a diversidade “é uma riqueza”, marcaram a intervenção de António Guterres.

O antigo primeiro-ministro denunciou “o avanço das forças políticas que fazem da xenofobia, do racismo e do ódio ao estrangeiro uma bandeira eleitoral fundamental”, mesmo em “países europeus mais desenvolvidos”.

“Estão a cavar problemas muito sérios nos seus próprios países”, recordou.

“É indispensável ultrapassar isto e que os valores da tolerância ou da solidariedade sejam reafirmados nas nossas sociedades europeias e que a escola seja um fator decisivo, de integração e de afirmação desses mesmos valores”, defendeu António Guterres 

D. Jorge Ortiga, que abriu a sessão, disse que “não são as mudanças que garantem a qualidade” na educação, um âmbito onde “as religiões também têm um papel a desempenhar” e onde depende dos pais um “árduo o trabalho de casa”, que não pode ser substituído pela escola.

A última conferência do ciclo ‘Nova Ágora’ vai decorrer no dia 11 de março, no Auditório Vita, em Braga, para debater o tema “Olhares sobre a arte” com Rui Chafes, Mário Cláudio e Pedro Sobrado e moderação de Maria João Costa

PR

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Agência ECCLESIA

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