Francisco critica tentativas de transformar «o mal em bem»
Cidade do Vaticano, 03 mar 2016 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje para o risco de sobrepor interesses económicos à defesa da vida humana, transformando o “mal em bem”; durante um encontro com os membros da Academia Pontifícia da Vida, da Santa Sé.
“A cultura contemporânea conserva as premissas para afirmar que o homem, quaisquer que sejam as suas condições de vida, é um valor a proteger, mas é muitas vezes vítima de incertezas morais, que não permitem a defesa da vida de forma eficaz”, declarou Francisco.
Segundo o Papa, há muitas situações em que se “mascaram ‘esplêndidos vícios’ em nome das virtudes”.
“Há muitas estruturas mais preocupadas com o interesse económico do que com o bem comum”, lamentou.
Nesse sentido, voltou a criticar o que denomina como “colonizações ideológicas”, que surgem aos olhos do pensamento humano e do cristão como “modernidade, atitudes novas” mas acabam por “tirar a liberdade ideológica” por medo da realidade.
Esta atitude de “coração endurecido”, acrescentou Francisco, tem “graves consequências” para a vida social, levando mesmo a “cometer violências”.
“Tal condição não se pode mudar nem por força de teorias nem por efeito de reformas sociais ou políticas, só a obra do Espírito Santo pode reformar o nosso coração, se nós colaborarmos”, observou.
O Papa realçou que não faltam “conhecimentos científicos” e “instrumentos técnicos” para apoiar a vida humana nos seus momentos de maior fragilidade, faltando, no entanto, “a humanidade”.
“O bom agir não é a aplicação correta do saber ético, mas pressupõe um interesse real pela pessoa frágil. Que os médicos e todos os profissionais de saúde nunca deixem de conjugar ciência, técnica e humanidade”, pediu.
Francisco denunciou os riscos do “egoísmo” e da “mentira” para a vida humana, deixando votos de que todos a saibam “acolher e cuidar, segundo a dignidade que lhe é devida, em qualquer circunstância”.
A 22ª Assembleia Plenária da Academia Pontifícia para a Vida tem como tema “A virtude na ética da vida”.
OC