Francisco pediu aos empresários italianos uma «uma economia de todos e para todos»
Cidade do Vaticano, 27 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa afirmou hoje numa audiência a empresários italianos que a dignidade da pessoa não pode ser “pisada” por “exigências de produtividade”, que tem de resultar da “colaboração de todos” e não de um “génio solitário”.
Francisco recebeu esta manha, na Aula Paulo VI, no Vaticano, os dirigentes da Confindustria, a Confederação Geral da Indústria Italiana, pedindo-lhes que rejeitem “categoricamente que a dignidade da pessoa seja pisada em nome de exigências de produtividade, que mascaram a miopia individualista, egoísmos tristes e a sede de lucro”.
O Papa pediu aos quadros empresariais, que tinham por tema de um encontro nacional “fazer em conjunto”, que coloquem no centro de cada empresa a pessoa humana, “não abstrato, ideal, teórico, mas um homem concreto, com os seus sonhos, as suas necessidades, as suas esperanças e a sua história.
“Fazer em conjunto quer dizer, de facto, optar por um modo de trabalho não a partir de um génio solitário de um indivíduo, mas da colaboração de muitos. Significa, por outras palavras, fazer rede para valorizar os dons de todos, sem esquecer a individualidade irrepetível de cada um”, referiu o Papa.
Para Francisco a atenção à pessoa concreta significa “saber dirigir, mas também escutar, partilhando com humildade e fé projetos e ideias; significa fazer de tal forma que um trabalho dê origem a outro trabalho, a responsabilidade crie outra responsabilidade, a esperança crie outra esperança, sobretudo para as jovens gerações, que hoje têm mais necessidade do que nunca”.
O Papa disse que é preciso “dar passos corajosos” para que “encontrar-se e ‘fazer em conjunto’ não seja só um slogan mas um programa para o presente e o futuro”.
“No complexo mundo dos negócios, ‘fazer em conjunto’ significa investir em projetos que sabemos que envolvem temas que são muitas vezes esquecidos ou negligenciados”, adiantou Francisco, exemplificando setores como as famílias, os “focos da humanidade” onde a experiência de trabalho gera “sentido e valor”.
O Papa pediu aos dirigentes empresariais italianos para não esquecer “os mais débeis e marginalizados”, nomeadamente os idosos com a energia que dispõem para uma “colaboração ativa” e que são muitas vezes “descartados” como “inúteis ou improdutivos”.
“E que dizer de todos os potenciais trabalhadores, especialmente os jovens que, presos à precariedade ou a longos períodos de desocupação, não se deixam interpelar por uma procura de trabalho que lhes dê não só um honesto salário mas também a dignidade de que se sentem privados?”, interrogou Francisco.
Para o Papa, a dignidade da pessoa humana tem de estar no centro de todas as empresas e o bem comum a “bússola” que “orienta a atividade produtiva” em ordem a uma “uma economia de todos e para todos” e que não seja “insensível ao olhar dos necessitados”.
“Desde que a simples proclamação da liberdade económica não prevaleça sobre a real liberdade do homem e dos seus direitos, é possível que o mercado não seja um absoluto, mas honre as exigências da justiça, e em última análise, da dignidade da pessoa. Porque não há liberdade sem justiça e não há justiça sem respeito pela dignidade de cada um”, disse o Papa.
PR