Em artigo publicado nas «Informations Catholiques Internationales», o cardeal francês sublinha que existe um antes e um depois do II Concílio do Vaticano, no entanto alerta que esta perspetiva de renovação não deve ser levada ao ponto de fazer esquecer que a continuidade é a grande constante da vida das instituições.
Após o encerramento do II Concílio do Vaticano, um dos maiores teólogos do século XX, o dominicano Yves Congar (1904-95) realçou que este acontecimento eclesial trouxe novas aquisições teológicas em vários domínios.
Em artigo publicado nas «Informations Catholiques Internationales», o cardeal francês sublinha que existe um antes e um depois do II Concílio do Vaticano, no entanto alerta que esta perspetiva de renovação não deve ser levada ao ponto de fazer esquecer que a continuidade é a grande constante da vida das instituições. Para embelezar o seu pensamento, o teólogo dominicano cita um trecho de Péguy que mostra como uma verdadeira reforma é “um apelo de tradição menos perfeita para uma tradição mais perfeita», e resume em frase lapidar a sua atitude perante o problema: «Há um catolicismo rejuvenescido e aberto, mas não há um neo-catolicismo».
A experiência da diversidade foi o primeiro dado que o impressionou: diversidade de problemas, de categorias de pensamento, de vocabulário preferido. «Toda a Igreja, representada pelos bispos, se reuniu e tomou consciência de si própria como de comunhão universal de igrejas particulares». Todavia, Yves Congar lamenta que os sociólogos não tenham estudado do seu ponto de vista o facto conciliar, embora reconheça que para tal lhes faltaram muitos elementos, falta provocada pela impossibilidade de contacto direto com alguns dos acontecimentos mais significativos.
Para este dominicano que abriu a eclesiologia católica ao ecumenismo, o II Concílio do Vaticano deu “reconhecimento de um certo carácter de Igreja às outras confissões cristãs”, considerou o “diálogo como estatuto espiritual de vida cristã” e acrescentou que “a expressão das verdades dogmáticas não está necessariamente ligada às expressões ocidentais, e as elaborações teológicas podem ser revistas”.
Se em relação ao ecumenismo, o dominicano sublinha que o concílio convocado pelo Papa João XXIII reconhece “a legitimidade do pluralismo na própria Teologia”, em relação às religiões não cristãs, o cardeal francês diz que “a Igreja não pretende para si o monopólio da religião”.
Durante o II Concílio do Vaticano (1962-1965), os comentadores desta assembleia magna também evoluíram, reconhecendo com o tempo “que as correntes eram bem mais do que duas (conservadores e progressistas) e que uma mesma pessoa tomava posições diversas conforme as categorias de problemas”. A complexidade era bem mais complexa do que parecia…
LFS