«Microcefalia [não] justifica defender o aborto», escrevem bispos brasileiros
Brasília, 05 fev 2016 (Ecclesia) – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma mensagem onde convoca a Igreja brasileira a participar no combate ao mosquito que transmite a dengue e o vírus zika.
“Exortamos as lideranças das nossas comunidades eclesiais a organizarem ações e a juntarem às iniciativas que visem colocar fim a esta situação. As ações de competência do poder público sejam exigidas e acompanhadas”, mobiliza a CNBB.
É pedido também que nas celebrações, reuniões e encontros, sejam dadas orientações “claras e objetivas” que ajudem as pessoas a terem consciência da “gravidade” desta situação e da “melhor forma de combater as doenças e seu transmissor”.
“Com um grande mutirão (mobilizações coletivas de ajuda gratuita), que envolva todos os setores da sociedade, seremos capazes de vencer estas doenças que atingem, sem distinção, toda a população brasileira”, destaca a mensagem divulgada esta quinta-feira, na conferência de imprensa da primeira reunião do Conselho Episcopal Pastoral.
Neste contexto, os prelados pedem que o estado de alerta “não deve levar ao pânico” como se estivessem “diante de uma situação invencível, apesar da extrema gravidade”.
O vírus zika merece “atenção especial” pela sua provável ligação com a “microcefalia, embora não tenha sido provado cientificamente”, observam os bispos brasileiros, alertando que não se “justifica defender o aborto para os casos de microcefalia”, como “lamentavelmente, propõem determinados grupos que se organizam para levar a questão ao Supremo Tribunal Federal num total desrespeito pelo dom da vida”.
Com esta mensagem a CNBB apela à Igreja que “continue e intensifique” a mobilização no combate ao mosquito ‘aedes aegyti’ que transmite a dengue, o vírus zika e do chicungunya.
Desta forma, pede que seja garantida, “com urgência”, a assistência aos atingidos por estas enfermidades “sobretudo às crianças que nascem com microcefalia e suas famílias”.
“A saúde, dom e direito de todos, deve ser assegurada, em primeiro lugar, pelos gestores públicos. A eles cabe implementar políticas que apontem para um sistema de saúde pública com qualidade e universal”, defende a Igreja no Brasil, recordando a ‘Campanha da Fraternidade Ecuménica’ 2016 que “contribuiu muito” ao mostrar a “vergonhosa realidade do saneamento básico no Brasil”.
“Sem uma eficaz política nacional de saneamento básico fica comprometido todo esforço de combate ao aedes aegypti”, alerta.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acrescenta ainda que o princípio de tudo é a educação e a corresponsabilidade”, por isso, incentiva também cada cidadão ao compromisso que “é indispensável” para erradicar o mosquito.
Ainda esta quinta-feira, a presidência da CNBB foi convidada para um encontro com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
“O tema que nos propõe é justamente o combate ao mosquito e como podemos como Igreja Católica ajudar nesse combate”, disse o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, à Rádio Vaticano.
Segundo D. Leonardo Steiner, também bispo auxiliar de Brasília, neste encontro também vão abordar outros assuntos, como “a questão económica e política” que se vive no Brasil mas como foram convidados vão “mais para ouvir e ver o que a CNBB pode dar ao governo”.
CB/OC