No final dos trabalhos da XXII Semana Nacional da Pastoral Social, o director do Secretariado Nacional da Acção Social e Caritativa traça as prioridades e critica a situação actual “O Estado não tem vocação para a acção social. O Estado deve emagrecer porque está gordo demais” – sublinhou à Agência ECCLESIA o Pe. Álvaro de Jesus, director do Secretariado Nacional da Acção Social e Caritativa (SNASC), organismo promotor da XXII Semana Nacional da Pastoral, realizada em Fátima, de 6 a 10 de Setembro. “O compromisso social dos cristãos “ foi o tema que presidiu aos trabalhos e que levou os participantes a colocar esta questão: “será que o compromisso social dos cristãos é diferente do compromisso de quem não se considera cristão?”. Perante esta pergunta, o Pe. Álvaro de Jesus disse: “a nossa resposta é o sim porque nós, cristãos, pertencemos a duas cidades”. E acentua: “queremos que a cidade terrestre se aproxime da cidade celeste”. Ao analisar o papel do Estado no campo social, o director do SNASC exemplifica que “as instituições do Estado têm uma multidão de técnicos e pouca eficácia. Os corpos sociais intermédios é que devem agir e actuar. O Estado deve regularizar e fiscalizar”. O Concílio Vaticano II refere que a Igreja “não deve tutelar a sociedade” porque esta “não pode ser considerada como uma criança em relação à Igreja”. Apesar destas indicações, os cristãos “devem colaborar na construção de um mundo melhor” – frisou o Pe. Álvaro de Jesus. Ao longo dos vários dias de trabalhos, uma ideia-força esteve sempre presente: “o nosso mundo é muito desigual”. Com a globalização e a mundialização em curso “esta desigualdade acentua-se”. A “concentração de riqueza” gera cada vez “mais pobres”. As empresas mais fracas “não conseguem competir e fecharão as portas. A consequência é o desemprego” – denunciou. O Capitalismo, depois da queda do murro de Berlim, transformou-se “no sistema viável” mas “este também tem as suas fragilidades e gera pobres. Este sistema precisa de reformas substanciais”. E avança: “temos de alertar todo o mundo para estas questões” Como cerca de 80% da acção social que se desenvolve em Portugal é de inspiração cristã, então “não podemos dizer que a Igreja esteja adormecida neste campo” – alerta o Pe. Álvaro de Jesus. Cativar os cristãos para a área do social é um caminho prioritário. “Em todas as terras devia existir qualquer coisa” Ao fazer uma análise aos dados actuais, o director do SNASC verifica que o Estado português “consome 52% do PIB nacional enquanto a Irlanda consome 27%. O funcionalismo público português consome 15% do PIB enquanto a média europeia situa-se nos 11%. É urgente reformar Estado”. E conclui: “o Estado é o grande obstáculo ao desenvolvimento de Portugal porque gasta rios de dinheiro e é ineficaz”.
