Sociedade: Refugiados e bancos com apoios desiguais, nota António Guterres

Plataforma de Apoio aos Refugiados entregou 200 mil euros para projetos no Líbano

Lisboa, 11 jan 2016 (Ecclesia) – O ex-comissário-geral das Nações Unidas para os Refugiados afirmou hoje em Lisboa que há “dois pesos e duas medidas” na avaliação dos recursos colocados à disposição dos bancos e nos que são reservados para a ajuda humanitária.

“Se olharmos para o que é hoje a totalidade da ajuda humanitária no mundo, 20 mil milhões de dólares, parece muito, mas é uma gota de água se compararmos com as despesas militares ou de intervenção nos setores financeiros”, afirmou António Gueterres durante a cerimónia de entrega de 200 mil euros para apoio aos refugiados que estão no Líbano.

A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) entregou hoje 100 mil euros à Cáritas e 100 mil ao Serviço Jesuíta aos Refugiados, recolhidos pela campanha PAR-Linha da Frente, para ajudar refugiados sírios que estão no Líbano.

“Eu sei que os portugueses são solidários e que apesar de todas as dificuldades que enfrentam, sabem estar presentes quando é necessário ser solidário com quem não tem nada, como é o caso dos refugiados sírios que estão no Líbano em circunstâncias muito difíceis”, disse à Agência Ecclesia o coordenador da PAR, Rui Marques.

Para o presidente da Cáritas do Líbano, presente na cerimónia, os refugiados sírios que fogem para o país vizinho estão a ser “alvejados” pela guerra que é fomentada pelo tráfico de armas.

“Toda a gente sabe quem está a produzir o armamento; toda a gente sabe também quem está a vender armas. Mas quem está a pagar as consequências por causa destas armas que circulam nas áreas em que há guerras é o género humano – crianças, mulheres, homens, famílias. São os primeiros a ser alvejados pelo que chamamos a ‘civilização da morte’”, disse na ocasião o padre Paul Karam.

“Apelamos a uma civilização da vida, de esperança, de diálogo, de respeito, isso iria encorajar o futuro de todo o género humano, para todas as pessoas que vivem nesta linda Terra. Vamos encorajar a solidariedade, o diálogo, os processos de paz baseados na justiça, dizer às pessoas que todas as pessoas precisam de viver, não de morrer”, sustentou o presidente da Cáritas do Libano.

O ex-comissário-geral da ONU para os Refugiados referiu na ocasião que há uma “falha de organização e de solidariedade” da Europa na ajuda aos refugiados que estão no continente europeu, favorecendo o “aparecimento de reações de rejeição”.

“A Europa revelou uma total desunião e uma total desorganização e assistimos a um movimento perfeitamente caótico com o enorme sofrimento das pessoas”, afirmou António Guterres.

O comissário-geral da ONU para os refugiados até ao final de 2015 afirmou ainda na cerimónia de entrega dos resultados da campanha ‘PAR-Linha da Frente’, que o Papa Francisco é um “aliado precioso no combate para que os refugiados e as vítimas de perseguição possam ser protegidos, assistidos e possam encontrar uma solução neste mundo onde infelizmente ainda impera muitas vezes ainda impera o egoísmo”.

A campanha 'Par-Linha da Frente' vai continuar até ao fim do mês de março.

HM/PR

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