Açores: Igreja tem de ser uma voz mais direta e corajosa

Renato Moura, antigo deputado regional, aponta desafios que novo bispo coadjutor vai encontrar

São Miguel, Açores, 27 nov 2015 (Ecclesia) – O antigo deputado Renato Moura, que passou 16 anos na Assembleia Regional dos Açores, afirma que o novo bispo coadjutor de Angra vai chegar a um território onde a Igreja Católica precisa de se afirmar mais como voz ativa no meio da sociedade.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Renato Moura refere que “a Igreja Católica pode ter um papel importantíssimo” na defesa da dignidade e dos valores humanos, ainda para mais num ambiente em que a maior parte das pessoas são católicas e “muito sensíveis à sua mensagem”.

No entanto, frisa o antigo deputado, para isso a Igreja Católica “tem de ser mais direta” na sua mensagem e “nas apreciações que faz relativamente à todos os fenómenos de natureza social.

“A Igreja não pode ser dependente do poder, ele tem a sua função, mas tem também sempre um papel de denúncia perante as situações que considere que efetivamente não são as melhores, tem o dever de fazer com que as consciências se abram e entendam os fenómenos que efetivamente existem”, complementa.

Para Renato Moura, há hoje em Portugal e nos Açores “muita coisa a acontecer e é preciso que a Igreja tenha a coragem de as denunciar, de as dizer e fazer com que as pessoas reflitam acerca delas”.

“E  nesse espaço há efetivamente muita coisa a fazer”, alerta o político.

D. João Lavrador vai assumir este domingo a missão de bispo coadjutor da Diocese de Angra, com direito de sucessão do atual bispo, D. António de Sousa Braga.

Depois de sete anos ao serviço da Diocese do Porto, como auxiliar, o prelado depara-se agora com o desafio de uma nova realidade, com muitas “especificidades”, declara Renato Moura.

“Em todas as áreas, nós só da política e da vivência mas na religiosidade, com maneiras de ser e de estar diferentes em cada ilha, com hábitos que se foram criando porque as ilhas tiveram muitos anos muito fechadas dentro de si”, aponta o político.

Mesmo hoje, em que o contexto social açoriano  já é outro, e os transportes também são outros, as vivências das pessoas  ainda continuam a ser muito específicas.

Para Renato Moura, o novo bispo coadjutor deverá vir “sem ideias preconcebidas” e com espírito “aberto” a uma nova realidade, a aprender a conhecer um novo ambiente.

“Pelas declarações que fez, D. João Lavrador já vem com humildade para entender esta realidade, e julgo que isso é essencial”, considera o antigo membro do parlamento açoriano.

Depois contará “claro” com a sua “ experiência de vida, muito grande a vários níveis, que irá facilitar o contacto com as realidades que vai encontrar”.

Para já, Renato Moura recorda que D. José Lavrador vai chegar ao Arquipélago dos Açores numa altura em que este prepara a receção da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, o que será uma “experiência ótima”.

A conversa com o político sobre a vinda do novo coadjutor da Diocese de Angra pode ser acompanhada hoje, pelas 22h45, no Programa Ecclesia na Antena 1.

PR/SN/JCP

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top