Autoridades chinesas comunicaram «suicídio» aos familiares
Lisboa, 17 nov 2015 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informa que o corpo do padre Peter Wei, da denominada ‘Igreja Clandestina’, ligada ao Vaticano, foi descoberto a “boiar no rio Fen, junto da cidade de Taiyuan”.
Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a AIS explica que as autoridades chinesas contactaram os familiares do sacerdote e “afirmaram que se tratou de suicídio”, embora exista “quem duvide desta versão”.
Neste contexto, a Fundação Cardeal Kung, com sede em Stamford, nos Estados Unidos da América, pediu de “imediato” às autoridades locais “para abrirem um inquérito” a fim de apurar o que aconteceu.
Segundo a fundação pontifícia, “todos” os que conheceram o padre Peter Wei rejeitam a hipótese de suicídio afirmando que ele “nunca seria capaz de pensar sequer” nisso.
Uma dessas pessoas é o seminarista da Igreja Clandestina, que visitou Portugal em 2013, e explicou a sua versão desta situação numa mensagem ao secretariado português da AIS.
“No dia 6 de novembro, ele tinha de apanhar o comboio, porém, desapareceu e ninguém conseguiu comunicar com ele. No dia 11 encontraram o seu cadáver abandonado num rio”, escreveu Pedro, destacando que desta forma perderam “um sacerdote genial”.
O padre Peter Wei fez parte da sua formação na Europa e regressou à China em 2007 para desenvolver o seu serviço na Igreja Clandestina com os jovens, seminaristas e leigos.
Segundo a AIS, uma das iniciativas do sacerdote em nove anos foi a fundação de um seminário clandestino, cujos professores eram padres que também estudaram no exterior do país.
A Associação Patriótica Católica (APC), controlada pelo regime chinês, nomeia os bispos do continente e recusa o reconhecimento da autoridade do Vaticano, que tem cerca de oito milhões de fiéis na chamada ‘Igreja clandestina’.
Para o restabelecimento de relações diplomáticas, a China exige que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan como país independente e aceite a nomeação dos bispos chineses por parte da APC.
Esta organização do regime foi criada em 1957 para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado.
O Vaticano considera ‘ilegítimos’ os bispos que receberam jurisdição da APC, sem autorização do Papa.
AIS/CB/OC