D. Manuel Quintas e D. José Ornelas condenam atos terroristas de sexta-feira e alertam para reações baseadas no mesmo ódio
Lisboa, 15 nov 2015 (Ecclesia) – Os bispos das dioceses do Algarve e de Setúbal manifestaram a sua solidariedade às vítimas dos atentados que esta sexta-feira provocaram pelo menos 129 mortos e centenas de feridos em Paris.
D. José Ornelas, bispo de Setúbal, rejeita a utilização da religião para justificar o terrorismo e pede que “ninguém use o nome de Deus para oprimir, odiar e matar”.
“Não deixemos que o sangue de tantas pessoas tenha sido derramado em vão. Queira Deus que a memória delas seja semente de humanismo, de solidariedade e de busca autêntica de justiça e de paz”, apela.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas, considera os atentados como “inqualificáveis” e injustificáveis “a todos os títulos, pelo desrespeito, desprezo e aniquilação da vida humana de tantos cidadãos indefesos”.
O prelado algarvio apelou a todos os católicos algarvios e a todas as comunidades paroquiais, para que, durante as celebrações dominicais, se reze por todas as vítimas dos atentados.
“Como Igreja diocesana do Algarve queremos manifestar a nossa comunhão e a nossa proximidade humana e espiritual às vítimas e suas famílias e a todo o povo francês, que acolheu milhares de portugueses no passado e no presente, e do qual fazem parte tantos lusodescendentes”, acrescentou D. Manuel Quintas.
D. José Ornelas, por sua vez, divulgou uma mensagem intitulada ‘Com o pensamento e o coração em Paris’, para exprimir “a profunda dor, o pesar e a preocupação, causados pelos bárbaros atentados de Paris, que vitimaram tantas pessoas inocentes e vieram adensar ainda mais o clima de receio e de suspeita na sociedade europeia”.
O responsável recorda as vítimas diretas deste “desumano ato de ódio destruidor”.
“Com eles, sentimo-nos atacados também nós e queremos estar solidariamente próximos esta hora”, acrescentou.
O bispo de Setúbal admite que a situação requer “naturalmente medidas de vigilância e segurança, para combater o ódio destruidor e evitar novas vítimas”, mas observa que seria “trágico” fechar-se ao exterior e deixar de lado o “diálogo intercultural” ou a “solidariedade para além dos conflitos”.
“Essa seria a grande vitória daqueles que desferiram tão vil ataque. É preocupante verificar, a este propósito, que responsáveis europeus já tenham começado a utilizar estes acontecimentos dramáticos para justificar e reforçar a sua oposição à solidariedade para com os refugiados dos conflitos recentes, que tem movimentado a sociedade europeia”, advertiu.
Para D. José Ornelas, o momento atual exige solidariedade e afirmação dos “autênticos valores” da sociedade ocidental.
OC