Património: Tela de Bento Coelho da Silveira desaparecida há 50 anos começou a ser recuperada

A «Ultima Ceia» é um ex-líbris da igreja de São Cristóvão, no Bairro da Mouraria, em Lisboa

Lisboa, 13 nov 2015 (Ecclesia) – O pároco de São Cristóvão, no Bairro da Mouraria em Lisboa, disse à Agência ECCLESIA que iniciou hoje a recuperação da tela a “Última Ceia”, retirada para ser estudada e consolidada

“É a tela central da igreja estava no altar-mor e foi encontrada há um ano. Tem um sistema de roldanas que sobe e desce, quase um teatro litúrgico, e esteve desaparecida mais de 50 anos, sabíamos por fotografias que existia mas ninguém tinha conhecimento que estivesse ali”, explicou o padre Edgar Clara.

O pároco recorda que quando foi encontrada “já tinha desaparecido cerca de um metro” e foi agora retirada do altar-mor e levada para Braga, onde vai ser consolidada, estudada e depois começar o processo de restauro.

A “Ultima Ceia” é um ex-líbris da igreja de São Cristóvão, 2,6 por 4,75 metros, e integra um conjunto de 35 telas de Bento Coelho da Silveira.

A tela emblemática do século XVII, que “está em ruínas”, precisava urgentemente de intervenção e, segundo o sacerdote, agora possível pelo financiamento colaborativo (crowdfunding), que juntou cinco mil euros.

A “Última Ceia” vai regressar à igreja de São Cristóvão depois de dois meses numa empresa especializada, em janeiro de 2016, e todos vão poder acompanhar a última etapa da intervenção, também os financiadores através de recursos multimédia, nomeadamente vídeos e fotografias.

Têm sido desenvolvidas diversas iniciativas para angariar fundos para a recuperação da igreja e do vasto património e o padre Edgar Clara adianta que, hoje, começa o ‘Experimenta Design’, às 18h30, depois, o projeto de iluminação especial para cada uma das telas realiza-se entre as 17h00 e as 19h00.

No dia 18 novembro a igreja recebe um seminário sobre ‘Conservar e Valorizar o Património Religioso, no século XXI’, com 25 peritos, para debater como “gerir o património religioso sem dinheiro”, ou seja, como é possível “fazer o milagre”, referiu.

A 12 de dezembro, vai ouvir-se canto gregoriano, um concerto da EGEAC com um coro que vai “executar pautas do tempo da colegiada”, que pertencem a este monumento.

O padre Edgar Clara recordou também o projeto para a recuperação do telhado da igreja, referindo que toda a gente quer comprar uma telha e escrever“uma mensagem, uma oração, o nome dos filhos, dos netos”, e já têm 10% do telhado.

“Podemos não ter uma pessoa a dar-nos um milhão de euros mas se tivermos um milhão de pessoas a entrar na igreja a dar um euro teremos atingido o objetivo”, observa realisticamente o pároco, contabilizando que todas as atividades “já geraram cerca de 50 mil euros e faltam apenas 950 mil euros”.

O projeto “Arte por São Cristóvão” (www.arteporsaocristovao.org) foi desenvolvido pela paróquia no âmbito do Orçamento Participativo de Lisboa 2014, com a atribuição de 75 mil euros, e envolve a população da Mouraria, entidades públicas e privadas com o objetivo de restaurar a igreja.

Situada na zona histórica de Lisboa, no bairro da Mouraria, a Igreja de São Cristóvão data de 1680 e do seu património destacam-se, por exemplo, as telas de Bento Coelho da Silveira, do século XVII, talha dourada, alfaias litúrgicas e paramentos.

De recordar que a igreja de São Cristóvão é um dos cinquenta monumentos da lista da World Monuments Watch 2016, dedicada à defesa de estruturas históricas em perigo e à sua promoção junto de investidores e parceiros.

CB/PR

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