«Igreja, e todos os cristãos não podem ser indiferentes diante desta situação», frisa o Movimento de Trabalhadores Cristãos
Lisboa, 30 out 2015 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC – MTC) diz que o modo como a flexibilidade laboral é praticada atualmente apenas contribui para uma maior “desigualdade” social.
Num texto publicado na edição mais recente do Semanário ECCLESIA, aquele organismo recorre a um estudo publicado este ano pelo Fundo Monetário Internacional, sobre “as causas e consequências da desigualdade de rendimentos”.
Um trabalho que permitiu concluir que “a flexibilidade do mercado de trabalho beneficia os ricos e reduz o preço de negociação dos trabalhadores de mais baixos rendimentos”.
“A flexibilidade apresenta-se como modernidade, mas substitui o emprego estável e fixo (que é a garantia da coesão social), pela instabilidade do emprego precário (para incrementar a segurança da economia à custa das pessoas) ”, aponta a LOC.
“O objetivo”, acrescenta o Movimento dos Trabalhadores Cristãos, “é dispor de mão-de-obra só quando se necessite e quando resulte mais rentável. E prescindir dela, sem custos, quando seja menos rentável”.
Em suma, “descer os custos laborais e submeter muito mais facilmente os trabalhadores”.
Segundo a LOC, hoje “o discurso neoliberal sobre a flexibilidade” é “assumido pela quase totalidade dos governos e partidos políticos” e está estabelecido um pouco por toda a sociedade.
Mas em lugar de ser resposta ao “desemprego”, ele provoca nos trabalhadores “o medo ao desemprego”, o que faz com que estes “ponham em segundo lugar a qualidade e as condições de trabalho”.
“Por outro lado as necessidades vitais desta sociedade consumista, fazem com que muitas pessoas valorizem positivamente qualquer emprego para poderem viver ou para não perder a roda do consumo”, o que segundo a LOC, perpetua a espiral da desigualdade.
No mesmo estudo, o FMI realça que a desigualdade nunca esteve tão alta como nas últimas décadas.
“Como se conclui, algumas das causas para este resultado estão em políticas já aconselhadas pelo próprio FMI em diversos países, como a flexibilização dos mercados de trabalho”, aponta a LOC.
Para a organização católica, “a Igreja, e todos os cristãos não podem ser indiferentes diante desta situação do trabalho e das condições de vida de tantos trabalhadores e trabalhadoras”.
“ A nossa preocupação pela vida humana e, especialmente pelos pobres nos quais vemos Jesus Cristo, deve levar-nos a ocupar-nos e preocupar-nos pela realidade do trabalho”, conclui.
JCP