Fátima: Santuário deu férias a pais de filhos com deficiência

Padre Johnny Freire destaca a importância destes progenitores «terem um tempo para eles» e partilharem com outros o que estão a viver

Fátima, Santarém, 27 ago 2015 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima está a promover neste mês de agosto um projeto de “férias para pais com filhos com deficiência”, proporcionando uns dias de descanso a quem cuida diariamente destas pessoas com necessidades específicas.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Johnny Freire, coordenador do projeto, realçou a importância destes progenitores poderem “ter um tempo para eles, deixando os filhos e voltando para casa“ ou permanecendo “com eles” e participando nas atividades.

O sacerdote, que integra a congregação dos Silenciosos Operários da Cruz, destacou ainda o facto de estas famílias poderem “partilhar” com outras os seus desafios e dificuldades.

“Às vezes entre os pais, como estão muitas vezes fechados em casa, no seu quotidiano, há a ideia de que são os únicos. E a possibilidade de encontrarem outros pais e outros jovens como os filhos, ou diferentes, ajuda-os a relativizar, a dar um sentido também diferente aquilo que estão a viver”, sublinhou o mesmo responsável.

Maria Gonçalves veio de Dornelas do Zêzere, na Pampilhosa da Serra, com o marido e o filho Rui, e acompanhou o jovem em todas as atividades preparadas pelo Santuário, quer lúdicas quer de oração.

À reportagem da Agência ECCLESIA confidenciou que “não se importava de poder ficar mais tempo”.

“Fomos muito bem recebidos, não nos faltou nada, paz, harmonia, tranquilidade, é mesmo um sítio para a gente ir daqui calminhos, relaxados. Só tenho a agradecer a todos quantos colaboraram connosco, às irmãs, ao padre Johnny e aos voluntários que são todos impecáveis”, salientou.

Muitos destes pais ainda trabalham e debatem-se com a falta de tempo e de alternativas para melhor cuidarem dos seus filhos com necessidades especiais.

É o caso de Maria Gonçalves, cuja única alternativa foi colocar o filho no lar da terra.

Embora não seja a solução ideal, ao menos “para ele é bom estar a lidar com mais alguém”, reconheceu.

O contacto interpessoal é também uma das apostas desta atividade do Santuário, que se dividiu pelas várias semanas de agosto.

“O essencial é mesmo podermos viver juntos na simplicidade das relações, porque estes jovens que nos são confiados apreciam isso e ensinam-nos isso”, apontou o padre Johnny Freire.

Maria dos Anjos veio do Porto com o seu filho Ângelo, e disse que “nunca viu o jovem tão feliz”.

“Nunca tinha ouvido o meu filho cantar e agora aqui ouvi-o cantar em grupo, cantar à desgarrada e fiquei muito feliz”, revelou.

Atualmente no terceiro ano da faculdade, no curso de Psicologia, Ângelo é a prova de que apesar das dificuldades é possível perseguir um sonho.

Uma mensagem que quis deixar bem vincada, depois de elogiar a iniciativa “fantástica” do Santuário.

“Espero que façam muitas mais atividades como esta, porque os deficientes merecem ser integrados no meio social e a Igreja Católica tem um forte papel na sociedade, para que esta nos veja não como incapazes mas como pessoas capazes, porque há muita coisa que podemos fazer”, concluiu.

As férias para pais de pessoas com deficiência decorrem na casa Francisco e Jacinta Marto da congregação religiosa dos irmãos Silenciosos Operários da Cruz, situada na Estrada de Minde, a 2,5 quilómetros da Rotunda Sul (dos Pastorinhos).

HM/JCP

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