Organização católica apresentou análise da campanha nacional contra o desemprego
Lisboa, 29 jul 2015 (Ecclesia) – A presidente nacional da Juventude Operária Católica assinala que a campanha contra o desemprego terminou mas “defesa da dignidade e do trabalho” continua depois de um périplo que revelou “verdades, mostrou projetos de integração e permitiu descobrir caminhos”.
“As taxas de desemprego ainda não estão a 0%. Enquanto assim não for, muito é o trabalho por fazer na defesa da dignidade de todos e do trabalho para todos”, afirma Lisandra Rodrigues porque os jovens “não podem ficar sem trabalho, sem perspetivas e sem esperança”.
Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a Juventude Operária Católica (JOC) apresentou a sua análise e reflexão à Campanha Nacional 2014/2015 que teve como tema ‘Dá emprego aos teus sonhos, dá trabalho à tua vida!’.
Na campanha que terminou no dia 25 de julho 2015 houve oportunidade de ir ao encontro de jovens e adultos em situação de desemprego desde fevereiro de 2014.
“Em muitos momentos fomos sentindo que há uma tentativa de que a sociedade olhe para o desemprego com resignação, aceitando-o como algo natural e inevitável. Não o podemos aceitar. O desemprego tem de ser denunciado como um problema estruturante da nossa sociedade”, desenvolve a JOC.
O movimento de ação católica alerta que o conceito de desempregado, sobretudo nas camadas mais jovens, “tem provocado bastante inquietação”.
Neste contexto, identificam os jovens “à procura do primeiro emprego e os jovens nem-nem” – jovens que não estudam, nem trabalham – que não se incluem “muitas vezes” na conceção de desempregado.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) revela na publicação anual – Education at a Glance, de 2014, Portugal é o décimo país do mundo com “maior percentagem” de jovens até aos 29 anos que “estão inativos e um dos países onde esta realidade mais se acentuou”: “Representam já quase 17% da população entre os 15 e os 29 anos.”
“O número real de desempregados do nosso país é francamente superior ao apresentado nas estatísticas”, alerta a JOC que apresenta cinco de várias razões para que isto aconteça, como o facto de muitos jovens que procuram trabalho pela primeira vez não se inscrevem nos centros de emprego e mesmo o desconhecimento de algumas pessoas ao não reunirem as “condições para ter direito ao subsídio de desemprego também não se inscrevem”.
Neste contexto, o movimento católico alerta ainda para o facto de pessoas a frequentarem “cursos de formação são retiradas da lista de desempregados” ou com Contratos de Emprego Inserção (CEI) “também são excluídos da contagem”.
“Os que desistem de procurar emprego neste país e, acabam por emigrar, contribuem também para que os dados oficiais acusem alguma redução”, acrescenta o comunicado que denuncia a falácia da taxa de desemprego – População desempregada / População ativa x 100 -por “não incluir todas estas pessoas”.
Durante um ano e meio de campanha foram muitas as ações desenvolvidas como: Workshops sobre empregabilidade e debates sobre o desemprego; Participação ativa no 1.º de maio; encontro de formação sobre ‘projeto individual de vida’; ações de rua durante o carnaval e produziram também “artigos e manifestos”,
“Tudo isto sem descurar a importância do acompanhamento pessoal tão importante e necessário na descoberta e assunção da nossa dignidade como pessoas e trabalhadores”, adianta a Juventude Operária Católica.
A JOC surgiu na Bélgica, em 1925, pelo padre Joseph Cardijn, e chegou a Portugal 10 anos depois, assumido como missão “a libertação dos jovens trabalhadores”.
CB/LFS