Impasse económico tem condicionado ajuda da organização católica às populações locais, bem como aos imigrantes e refugiados
Atenas, 07 jul 2015 (Ecclesia) – A Cáritas da Grécia diz que o país precisa “urgentemente de encontrar uma solução” para o impasse nas negociações com as instâncias financeiras europeias, pois “a crise humanitária no país é enorme”.
Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, Maristella Tsamatropoulou, porta-voz da organização católica, frisa que “há um enorme número de pessoas, de famílias, que a Cáritas não consegue ajudar neste momento porque as verbas de que dispõem estão nos bancos, e os bancos estão fechados“.
Em causa não estão só “as necessidades de muitos pobres e sem-abrigo mas também dos inúmeros imigrantes e refugiados que diariamente acorrem à costa grega”, acrescenta aquela responsável.
A Grécia vive atualmente o período mais conturbado desde que aderiu ao euro, com uma dívida externa que ultrapassa os 324 mil milhões de euros e que representa 175 por cento do Produto Interno Bruto do país.
Quando subiu ao poder, o atual Governo liderado pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras prometeu acabar com a austeridade que o Fundo Monetário Internacional e outras instituições financeiras europeias impuseram à nação, como forma de pagar o que deve.
No entanto, as negociações entre as duas partes chegaram a um impasse e no último domingo o povo grego disse “não”, em referendo, a mais medidas de austeridade.
Entretanto, o Banco Central Europeu fechou a porta a mais financiamento para o setor bancário grego e o Governo helénico respondeu encerrando os bancos e impondo um controlo preventivo de capitais, que estabeleceu um limite de 60 euros para levantamentos diários.
O primeiro-ministro grego deslocou-se esta terça-feira a Bruxelas, em busca de encetar um novo diálogo com o FMI e o Banco Central Europeu.
A porta-voz da Cáritas da Grécia espera que “a primeira medida a tomar seja a reabertura dos bancos”, para bem da população do país e também do trabalho da instituição católica.
Por outro lado, sublinha que a dívida atualmente em cima da mesa não foi feita pela população, que por isso não pode continuar a sofrer as consequências.
“Os impostos que pagamos são os mesmos, todas as contas que os gregos têm de pagar são as mesmas que há cinco anos, quando começou a austeridade, mas os nossos salários foram cortados pelo menos para metade”, aponta Maristella Tsamatropoulou.
A responsável de comunicação fala numa “situação que não pode ser mais tolerada” e que tem tido “grande repercussão” ao nível do índice de desemprego, que disparou para mais de 25 por cento.
Admite, no entanto, que “a saída da Grécia do euro ou da União Europeia seria um desastre”.
“Há uma grande revolta entre as pessoas, podemos constatar ao andar pelas ruas, mas temos esperança, temos esperança numa solução intermédia, que satisfaça todas as partes e sobretudo temos esperança que a Europa regresse aos valores que estiveram na base da sua construção, de solidariedade, democracia e respeito mútuo”, conclui.
JCP