Superioridade do Homem perante o resto da Criação não lhe dá o direito de a destruir mas antes o dever de a «aperfeiçoar»
Aveiro, 02 jun 2015 (Ecclesia) – A Diocese de Aveiro apresentou às comunidades da região a encíclica do Papa Francisco “Laudato si”, numa sessão em que D. António Moiteiro apontou que “a ecologia integral é uma exigência da justiça”.
Segundo o jornal Correio do Vouga, durante a iniciativa organizada pela Comissão Diocesana Justiça e Paz, o bispo aveirense referiu que “a superioridade” do Homem perante “a restante Criação” não lhe dá o direito de a destruir, mas antes o dever de “colaborar no seu aperfeiçoamento”.
A justiça para com os outros seres humanos, para com a criação e para com o Criador exige, portanto, “um novo estilo de vida”, com mais “simplicidade” e com a “alegria de quem se sabe amado por Deus”, apontou o prelado.
A apresentação do documento sobre o “cuidado da casa comum”, acompanhada por cerca de duzentas pessoas, decorreu esta segunda-feira na Igreja de São Francisco, em Aveiro.
Para além das intervenções do bispo de Aveiro e do presidente da Comissão Justiça e Paz local, Manuel Oliveira de Sousa, o evento contou também com uma apresentação da professora universitária Isabel Miranda.
A docente universitária, especialista em matéria de Ambiente, apresentou dados científicos que apoiam as afirmações do Papa Francisco, como o aumento das temperaturas globais e o seu impacto na produção agrícola, e sublinhou e expressão papal “tomar dolorosa consciência”.
Segundo a professora universitária, o Papa deseja que todos tomem “dolorosa consciência” e que ousem “transformar em sofrimento pessoal aquilo que acontece ao mundo”. Será este um princípio de mudança.
Destaque também para os contributos deixados pelo professor e político Fernando Rocha Andrade; e pelo economista Óscar Gaspar.
Enquanto o membro do PS realçou a forma como o Papa denunciou a influência da “intervenção humana” nas “alterações climáticas”, contradizendo o que é defendido em países como os Estados Unidos da América, inclusivamente por setores “ligados a confissões cristãs”, o economista sublinhou a ideia de Francisco de um meio financeiro livre dos “ditames e do paradigma eficientista da tenocracia”.
Aquele orador citou ainda o Papa para realçar que a “maximização do lucro é uma distorção concetual da economia”.
Neste sentido, e porque “comprar é sempre um ato moral”, com “implicações éticas”, disse que fazer boicote a determinado produto é um legítimo mecanismo de pressão para que a empresa mude de práticas.
O economista que também é político, ligado ao PS, considerou que o “texto profético” de Francisco não separa as crises. “A crise é ambiental e social ao mesmo tempo”, defendeu, pelo que a “conversão ecológica” está necessariamente ligada à “mudança de mentalidades”, à “conversão social”.
CV/JCP