Cáritas: Presidente faz «avaliação positiva» do Projeto «Cria(c)tividade»

«Temos de sair deste ciclo vicioso de financiamentos europeus», alerta Eugénio Fonseca

Lisboa, 01 jul 2015 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa fez uma “avaliação positiva” do projeto ‘CRIA(C)TIVIDADE – O Franchising Social potenciado pelo Marketing Social’, mas alertou que é preciso “sair do ciclo vicioso de financiamentos europeus”.

“Gostaria agora que estas iniciativas acontecessem sem este tipo de projetos. Não podemos estar amarrados a estes financiamentos europeus, temos de sair deste ciclo vicioso. Temos capacidades se quisermos, até o Governo pode criar sinergias junto das entidades empresariais”, comentou Eugénio Fonseca, na apresentação de resultados que decorreu esta terça-feira, na Sociedade de Geografia de Lisboa.

À Agência ECCLESIA, o presidente da Cáritas Portuguesa manifestou “receio” de que o novo quadro comunitário de apoio à Agenda 2020, que “está muito direcionada para estas preocupações”, crie obstáculos devido à sua metodologia que, em alguns casos, prevê que as pessoas tenham de “iniciar o projeto” e só depois são ressarcidas dos investimentos “mediante os resultados”.

“Deixo este alerta porque há pessoas que não têm esta capacidade”, acrescentou o responsável que manifestou preocupação também que “entidades do sistema financeiro” se aproveitem destas “fragilidades para ganharem com alguma parte dos fundos”.

Na sessão pública de encerramento do projeto CRIA(C)TIVIDADE, Eugénio Fonseca comentou que “nem tudo foram rosas” porque criaram “muitas frustrações” mas faz uma “avaliação positiva” porque as expetativas iniciais “eram muito mais baixas”.

Num período de 18 meses, os responsáveis receberam com mais de 1000 candidatos e reuniram-se com 192 empreendedores, dos quais se destacam 24 projetos e a criação de 48 empregos.

O apoio traduziu-se em “aconselhamento e acompanhamento técnico” e depois os futuros empresários eram encaminhados para soluções de financiamento como o microcrédito ou o crowdfunding (financiamento colaborativo).

“O projeto ‘Cria(c)tividade’ nunca teve na sua génese o financiamento para que os projetos arrancassem”, frisa o presidente da Cáritas que realça o compromisso inicial de “fazer nascer dez ideias e concretizá-las, envolvendo pelo menos 18 pessoas”.

Um resultado positivo que para o responsável podia ter “avançado muito mais” se os ministérios a que recorreram tivessem “libertado algumas verbas”, mais concretamente cerca de “200 mil euros".

Para Eugénio Fonseca, este projeto ajudou ainda a perceber que a Cáritas “não é apenas assistência” mas também “superação das causas” e revela que receberam pessoas com “ideia distorcida” do projeto Cria(c)tividade porque associavam a instituição católica a “dar dinheiro”.

À Agência ECCLESIA, o presidente do Instituto de Altos Estudos da Academia de Ciências, o professor Adriano Moreira, analisou este projeto comentando que sobretudo na Europa pobre “o credo do mercado substitui o credo dos valores” que a Cáritas “defende”.

O antigo líder do CDS apresentou uma reflexão sobre ‘A relação entre o progresso tecnológico e a pobreza’ e explicou que o avanço na ciência e na técnica origina a “necessidade de pessoas altamente preparadas” o que dispensa parte da população criando problemas de “ordem sociológica, política e ética”, mesmo o “Estado Social” que “tem de ser mantido”.

CB/OC

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