Europa: Igreja Católica exige que questão dos refugiados seja abordada «sem hipocrisias»

Bispos do setor das migrações estão reunidos na Lituânia

Lisboa, 29 jun 2015 (Ecclesia) – Os bispos e delegados responsáveis pelo setor das migrações na Igreja Católica estão reunidos em Vilnius, na Lituânia, para debaterem os desafios que enfrentam atualmente no seu serviço pastoral aos migrantes e deslocados.

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), promotor da iniciativa, realça que perante questões como o drama “dos refugiados” que hoje acorrem ao Velho Continente, a Igreja Católica, a União Europeia e os seus países “não podem fazer de conta que nada se passa”.

Para o secretário-geral da CCEE, padre Duarte da Cunha, é imperioso que a União Europeia e os seus países assumam as suas responsabilidades e contribuam para a resolução dos problemas “sem hipocrisias e com uma consciência solidária, profunda e sincera”.

“É essencial olhar para os motivos que levam comunidades e famílias a saírem das suas casas, a abandonarem os seus entes queridos. Onde reina a guerra, a perseguição, a fome, como se pode estancar este êxodo massivo? Sim, a Igreja tem o dever de estar presente e de acolher, mas sabe também que não pode fazer tudo”, aponta o sacerdote português.

“Qual o espaço que os sacramentos podem ocupar na pastoral das migrações” e como “anunciar Cristo” aos que chegam, sobretudo do “continente asiático”, são algumas das questões que os responsáveis católicos estão a abordar, até à próxima quinta-feira.

Em cima da mesa está também o fenómeno do “tráfico de seres humanos”, cada vez mais frequente em países onde as pessoas estão dispostas a tudo para fugirem à guerra e à pobreza, e acabam muitas vezes por cair nas mãos de grupos criminosos.

Para a CCEE, é impossível “fechar os olhos a uma humanidade ferida que estende a mão”, em busca de ajuda.

No caso da Igreja, "a sua intervenção, e de muitas outras organizações não-governamentais, não acontece apenas ao nível humanitário, de uma dignidade que deve ser respeitada e preservada".

O seu papel é também colaborar na "construção de pontes entre os seus fiéis e os que chegam”, pois só assim cumpre “o seu dever evangélico, exemplificado na figura do Bom Samaritano”.

“Ser rosto amigo e comunidade hospitaleira, disposta a curar as feridas da vida e a escutar aqueles que tiveram que deixar para trás tudo o que têm. É neste sentido que queremos ir mais além do que o mero serviço de emergência”, concretiza o padre Duarte da Cunha.

A reunião em Vilnius, na Lituânia, está a decorrer à porta fechada, sob a orientação do cardeal croata Josip Bozanic, arcebispo de Zagreb e responsável pela secção das migrações da Comissão CCEE Caritas in Veritate.

JCP

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