Braga: Auditório Vita propõe ciclo de cinema que apela ao «silêncio interrogativo»

Braga, 03 jul 2015 (Ecclesia) – O Auditório Vita, na Arquidiocese de Braga, propõe um ciclo de cinema que parte da questão ‘Visões de uma memória da compaixão ou recordação provocante?’ com o intuito de “apelar ao silêncio interrogativo”.

“O título, que dá corpo a este ciclo, evoca um dos grandes teólogos do séc. XX, Johann Baptist Metz (n. 1928-), impulsionador da chamada nova teologia política, declinada, na sua bela expressão, como ‘mística de olhos abertos’”, explica o responsável pelo Departamento de Cinema do Auditório Vita.

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o padre João Paulo Costa contextualiza que a teologia política da compaixão “não é uma ideologia partidária” mas prática da vida do Reino “ainda a cumprir e dos atos de misericórdia do ‘corpo de carne’ na ‘carne do mundo’”.

“A habitação da experiência cinematográfica poderá ser uma chance para o pensar teologal que se quer publicamente relevante e culturalmente credível”, observa.

O Auditório Vita com o ciclo – ‘Visões de uma memória da compaixão ou recordação provocante?’ – propõe quatro filmes, as primeiras sextas-feiras de julho, a partir das 21h30 no claustro do auditório.

O filme ‘Aldeia’ é exibido no dia 03 de julho; ‘Fome’ a 10; ‘Le Havre’ no dia 17 de julho e ‘Ida’ encerra o ciclo a 24 de julho e os cineastas escolhidos são respetivamente Ermanno Olmi; Steve McQueen; Aki Kaurismäki e Pawel Pawlikowski.

“O que os une é a dimensão política da vida enquanto ato de atenção pela edificação da polis, de um ethos de justiça e de compaixão atuante entre os humanos. Este ‘novo realismo’ cinematográfico é grávido de sensibilidade, sem repetição nem mecanismos miméticos de um certo realismo”, considera o responsável pelo Departamento de Cinema do Auditório Vita.

O comunicado destaca que “sem uma confissão expressa” os realizadores evocam “subtilmente” os atos de compaixão transfigurante e gratuita presentes no Evangelho de São Mateus (cfr. 25, 34-46).

Sobre os filmes, o padre João Paulo Costa destaca que expressam a “complexidade da realidade e a preocupação pelo humano” num contexto de globalização e de transformações profundas nas sociedades contemporâneas.

O responsável analisa que hoje existe o retorno do movimento filosófico ‘novo realismo’ que vem de encontro ao movimento cinematográfico ‘neorrealismo’ e da ‘nova teologia política’ e a relação entre estes três movimentos, “ou modos de pensar”, é “correlacionalmente crítica e variavelmente fecunda na interpretação da complexidade do existir”.

CB/OC

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