Arcebispo incentiva à formação de uma «nova consciência» ecológica
Braga, 19 jun 2015 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga sustentou hoje que “é urgente” a formação de uma “nova consciência” ecológica e considerou “importante” que os políticos portugueses dessem atenção à encíclica ‘Laudato si’ já nas próximas eleições.
“É um atrevimento da minha parte, mas estamos na preparação dos programas eleitorais: porque não cada partido manifestar o seu compromisso sobre esta realidade, não apenas nos discursos?”, disse D. Jorge Ortiga, em conferência de imprensa, um dia após a publicação do novo documento assinado pelo Papa Francisco.
Aos jornalistas explicou que não “exorta” os partidos políticos portugueses a criarem medidas relacionadas com a ecologia já nas próximas eleições legislativas, mas considera que seria “importante” que de um modo “totalmente livre” também reconhecessem a voz do Papa.
“Que (…) vissem os valores e passassem para o quotidiano e para os programas eleitorais”, acrescentou, na conferência junto ao lago do Bom Jesus.
No contexto da atenção pedida às nações mais ricas pelos mais pobres, o arcebispo de Braga assinala que a Igreja “nunca se alheia” da dimensão política, “naturalmente não se alheia” e luta por uma sociedade que coloque “sempre a pessoa humana no centro, as pessoas com a sua dignidade insubstituível”.
“Se por causa da natureza há pessoas que são beliscadas na sua dignidade, a Igreja está ao lado dessas pessoas que são beliscadas na sua dignidade com o aproveitamento, o lucro fácil de outras que desconsideram os menos capazes de poder defender os seus direitos”, desenvolveu.
Para D. Jorge Ortiga a “finalidade” da encíclica não é política e observou que a Doutrina Social da Igreja é uma “encarnação” nas realidades sociais concretas e “respostas aos problemas já antigos ou então emergentes da sociedade”.
“Infelizmente o pêndulo dos valores gravita em torno do lucro. Para as periferias relegam-se a harmonia da criação e o próprio criador”, analisou.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana considera “fundamental” que o documento do Papa, que também apresenta propostas sociais e políticas seja interpretado numa ecologia integral, a qual “engloba todos os assuntos e todos os aspetos”.
Já o presidente do Centro Regional de Braga, da Universidade Católica Portuguesa, comentou que a tarefa fundamental de uma universidade “não é exclusivamente” preparar os alunos para o futuro emprego mas para serem “seres humanos responsáveis sobretudo pelas gerações futuras”.
Para o teólogo João Duque este é um “tópico fundamental” da encíclica ‘Laudato Si’, ao qual “nenhuma universidade se pode esquivar a esta tarefa de educação”.
A teóloga e professora da Faculdade de Teologia, Isabel Varanda, que assinou um artigo de opinião na mais recente edição do Semanário digital Ecclesia, compôs o painel da conferência de imprensa, realçando que o novo documento é “uma convocação mundial a um sobressalto”.
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