Bispo presidiu a peregrinação das Forças Armadas e de Segurança a Fátima
Fátima, Santarém, 19 jun 2015 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança destacou hoje em Fátima a importância que uma “assumida espiritualidade e um comum ideal religioso” podem ter para a ação dos militares, nas mais variadas missões.
Para D. Manuel Linda, a partilha da mesma crença, neste caso da fé católica, “potencia o espirito de corpo, favorece a prossecução dos objetivos e concede justificação ética ao uso das armas, porque faz dele ação em favor da vida, do direito, da liberdade e da paz, particularmente dos mais débeis”.
O prelado deixou esta mensagem durante a Missa final da peregrinação dos militares ao Santuário de Fátima, que teve lugar esta manhã.
Nos últimos dois dias, passaram pela Cova da Iria membros dos mais variados ramos das Forças Armadas e de Segurança, acompanhados pelas respetivas chefias e também pelos ministros e secretários de Estado responsáveis pelos setores da Defesa Nacional e da Administração Interna.
Ainda sobre a relevância que uma causa comum, neste caso a fé, pode ter no meio militar, D. Manuel Linda recuou ao tempo das Cruzadas e das Ordens Religiosas de Cavalaria.
Segundo o responsável católico, “porventura, não seríamos hoje um povo livre e independente sem o ideal religioso desses militares que, em nome da Cruz de Cristo, enfrentaram exércitos bem mais numerosos e apetrechados”.
A fé assim vivida “concede resiliência espiritual, a ponto de tal já ter dado entrada na formação militar de vários países”, observou.
Na sua homilia, o bispo das Forças Armadas e de Segurança realçou também o sentido da fé e da peregrinação como sinais de uma comunhão que hoje está muito arredada da sociedade, de um “mundo fraturado”.
“Os maiores e mais perigosos choques de civilização não são tanto entre o leste e o oeste, entre o norte e o sul, entre uma certa fação islâmica e o cristianismo, embora, neste particular, o mundo assista –sem se ralar muito…- a uma barbárie que até fere aquele nível mais básico que separa a pura animalidade da simples hominização: o grande choque civilizacional é entre o individualismo e o personalismo”, apontou.
Enquanto o primeiro conceito descreve “o homem como simples célula isolada, ser autárquico, incapaz de entrar em relação com alguém, com exceção da relação de domínio e de exploração, uma falsidade, assumida por muitos”, o segundo concebe o homem como ser de relação, de dádiva e de receção”.
“E gera a família, a sociedade e a Igreja. E até as Forças Armadas e as Forças de Segurança, pois estas não se podem conceber sem a livre colaboração de todos, não obstante a cadeia hierárquica. É a verdade das coisas. Pertencer e viver em Igreja, enquanto assembleia de crentes, é este ser pessoa e jamais ser indivíduo”, sublinhou.
No âmbito da sua reflexão, D. Manuel Linda deixou o desejo de que a peregrinação militar a Fátima seja cada vez mais valorizada.
Manifestou também a vontade de que a iniciativa, “a exemplo da peregrinação militar internacional a Lourdes, que surgiu para reconciliar povos desavindos pelas duas grandes guerras”, possa também constituir um potenciador da amizade de todos os Países de Língua Oficial Portuguesa”.
JCP