«Laudato si»: Encíclica do Papa Francisco é um «manifesto de não resignação» perante o destino da Criação

Teóloga Isabel Varanda sublinha caráter ecuménico e democrático do texto

Braga, 19 jun 2015 (Ecclesia) – A teóloga Isabel Varanda diz que a nova encíclica do Papa Francisco, dedicada à Ecologia, é um presente “estupendo” para o mundo e um “manifesto de não resignação” perante o destino da Criação.

“Só o tempo dirá o real impacto que pode ter ao nível planetário, das religiões, das culturas, da política internacional e local, da natureza e do ambiente, das sociedades, dos modelos educativos, dos estilos de vida, das consciências pessoais e do modo como habitamos a casa cósmica comum”, refere a professora da Universidade Católica Portuguesa.

No entanto, a sua “pertinência é indiscutível”, acrescenta a docente, recordando o modo como o documento do Papa argentino “converge, de modo proactivo, com as múltiplas agendas mundiais”, com destaque para “a conferência da ONU sobre o clima que terá lugar em Paris no próximo mês de dezembro”.

Isabel Varanda faz a análise à encíclica ‘Laudato Si. Sobre o cuidado da casa comum’ na edição mais recente do Semanário ECCLESIA, frisando que ela surge num tempo em que são visíveis “os profundos e dramáticos desequilíbrios ecológicos que mantêm o planeta terra em agonia”.

“É um evangelho da criação. Denuncia o pecado do mundo em todos os seus estados, chama-os pelo nome, identifica os abismos e os males e apela à mobilização do mundo para cuidar com coração inteligente ‘da casa comum’ e torná-la um lar para todas as criaturas”, aponta a especialista.

A docente do núcleo de Braga da Faculdade de Teologia da UCP destaca o facto de o documento poder vir a ajudar a quebrar um “silêncio católico” que “se foi tornando embaraçoso, pese embora as importantes intervenções, nesta matéria, dos antecessores do Papa Francisco, particularmente João Paulo II e Bento XVI.

Nesse sentido, enaltece também o caráter “ecuménico” e “democrático” da encíclica que desafia “toda a família humana a uma nova consciência e a uma solidariedade mais profunda em favor do ambiente” e que quer colocar em “sobressalto” o “alienado mundo tecnocrata”.

“De certo modo, este documento vem quebrar o círculo infernal da tecnocracia, da ditadura económica, da alienação consumista, da voracidade incontrolável do lucro, do benefício, do ter sempre mais, da insensibilidade da razão e da anestesia do pensamento crítico”, sustenta Isabel Varanda.

Neste contexto, a teóloga defende que o Papa argentino deve ser saudado “pela fé, pela coragem, pela paixão, lucidez e discernimento com que se exprime”.

JCP

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Agência ECCLESIA

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