«Laudato si»: Papa «ultrapassa barreiras ideológicas, politicas, sociais»

Diretor da Faculdade de Teologia diz que encíclica pode marcar agenda internacional

Lisboa, 18 jun 2015 (Ecclesia) – O diretor da Faculdade de Teologia disse hoje a encíclica do Papa Francisco dedicada ao ambiente “um ótimo contributo” de consciencialização para que se garanta o futuro “das próximas gerações e da humanidade”.

“Com esta encíclica e pelo eco que está a ter estou seguro que marcará a própria agenda da Agenda de Paris (21.ª Conferência do Clima – Nações Unidas-, dezembro 2015), ou seja, não será mais provavelmente uma discussão sobre princípios e orientações mas terá uma linha de coerência com as grandes preocupações que existem acerca do futuro do planeta”, analisou o padre João Lourenço, em declarações à Agência ECCLESIA.

O religioso franciscano destaca que a voz do Papa, “se não tivesse outro mérito”, conseguiu “sensibilizar” todos para as consequências das opções que podem ser tomadas.

Para o diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, Francisco tem a possibilidade de “ultrapassar fronteiras, barreiras,” sejam “ideológicas, politicas, sociais” e pode criar uma sensibilidade “muito mais abrangente, universal”.

“Creio que o Santo Padre vai dar contributo muito importante. Mesmo esta dimensão, esta forma de ver, olhar, e estar no mundo que foi muito própria de Francisco de Assis e tem sido cultivada ao longo da história agora pode ganhar presença mais universal que vá para além dos limites da própria vivência e identidade católica”, comentou.

Neste contexto, adiantou que a partir da voz do Papa pode haver “sensibilidade” e criar-se “ambiente” para “unificar, aproximar posições, criar disponibilidades de acolhimento”.

Segundo o padre João Lourenço a questão da ecologia também está relacionada com “possibilidades de acolhimento” e adianta que, “cada vez mais”, as pessoas têm de fazer aproximação de posições e “não extremar”.

A encíclica ‘Laudato si, sobre o cuidado da casa comum’, com 246 números, divididos em seis capítulos, foi apresentada hoje no Vaticano.

Um documento universal que o sacerdote considera ser muito importante para os cristãos porque estas questões não “dizem respeito aos outros”, não “estão para além das fronteiras religiosas ou sociais”:.

“Esta mensagem nascendo a partir do coração da Igreja pode constituir um apelo que não seja só para termos isto presente na reflexão teórica mas que se torne expressão prática na formação, nas orientações, nas perspetivas de desenvolvimento”, acrescentou.

O religioso da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) considera a encíclica um “desafio acrescido” para todos os ramos que compõem a família franciscana, porque “às vezes” as ocupações e preocupações são com “questões do imediato” e estão “menos atentos a estas realidades” que os envolvem e “são de médio e longo prazo”.

“Acho que é um apelo muito importante e acima de tudo diria que juntar, unir, numa dimensão humanista toda a criação, dar aos outros seres também o lugar que eles têm no panorama, no organigrama da criação”, desenvolveu o padre João Lourenço.

O título da encíclica remete para o 'Cântico das Criaturas' (1225), de São Francisco de Assis, e o especialista na área de Teologia Bíblica recorda que o princípio de convivência, respeito pela criação remonta à teologia profética dando como exemplo o profeta Isaías e “os seus magníficos oráculos messiânicos onde também faz um convite e tece um hino de louvor à harmonia universal”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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