Organizadores destacam influência do Ocidente na realidade atual de perseguição aos cristãos
Lisboa, 18 jun 2015 (Ecclesia) – A Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa vai promover entre hoje e sábado as ‘Jornadas de Estudos Coptas e do Oriente Cristão’ para dar a conhecer “um património desconhecido no ocidente”.
“O Oriente cristão é um património que desconhecemos imenso no Ocidente, mas de que somos filhos, herdeiros, e são as primeiras expressões, identidades de fé, de cristianismo que levou à criação de culturas e identidades”, explica o diretor da Faculdade de Teologia, que acolheu o desafio da Associação Francófona de Coptologia.
À Agência ECCLESIA, o padre João Lourenço frisa que considera que na Igreja portuguesa e no Ocidente existe desconhecimento de temas quê se ouvem falar mas “não se sabe muito o que é” e estão na “ordem do dia” pelas vicissitudes que “têm acontecido e percorrem” o Médio Oriente.
“Muitas vezes chamamos minorias cristãs, mas no fundo só são minorias quando contabilizamos muitas vezes por números a partir de hoje”, acrescenta sobre “marcos relevantes” que são tradições fundamentais e “identidades próprias”.
Por parte da Associação Francófona de Coptologia, Adel Sidarus, comenta que uma das “grandes questões” da atualidade é a realidade dos cristãos no Médio Oriente que na primeira metade do século XX “tiveram um grande contributo” no ressurgimento árabe naquela região.
“Até ao nível ideológico mas na cultura, na renovação da língua árabe, nos meios de expressão, na recetividade ou receção da modernidade”, exemplifica o também membro do Instituto de Estudos Orientais da Faculdade de Ciências Humanas da UCP.
Para o especialista em estudos árabes e coptas passados 50 anos os cristãos no Médio Oriente vivem uma “situação terrível que precisa de leitura objetiva” e adverte que a “crise profunda” que esta região está a viver é uma “consequência do colonialismo histórico” que através de divisões artificiais “baralharam esquemas mais ou menos constituídos durante séculos e milénios”.
O diretor da Faculdade de Teologia da UCP concorda que a intervenção do Ocidente nesta região foi “intempestiva” acabando por originar instabilidade e fuga dos cristãos.
“Intempestiva mas também tem sido cobarde porque tem vindo a ser subjugada aos interesses marcantes de duas realidades que hoje infelizmente condicionam a vida de todos, o petróleo e as armas”, acrescenta o padre João Lourenço.
“No quadro do mesmo país temos vários povos, grupos étnicos diferenciados com religiões diferentes. A Europa quase nunca conheceu até aos tempos modernos”, assinala o representante da Associação Francófona de Coptologia.
Copta, segundo o especialista, na sua origem “quer dizer egípcio” e acabou por ficar associado à população egípcia que “se manteve cristã”.
As jornadas terminam no sábado com uma Eucaristia Moçárabe, às 18h30, na Sé de Lisboa.
Com sessões “muito específicas” de estudos de investigação e aprofundamento e “grandes conferências” abertas ao público em geral, as ‘Jornadas de Estudos Coptas e do Oriente Cristão’ vão permitir conhecer “a arte, a arqueologia, a história e o monaquismo”.
O padre João Lourenço destaca ainda do programa a exposição de Arte Copta e do Oriente Cristão, que vai ser inaugurada esta sexta-feira, às 18h00, no Museu Nacional de Arqueologia em Belém, patente até "2 de agosto".
Com “peças coptas, etíopes e moçárabes que foi vigente em Portugal e na Península Ibérica”, acrescenta Adel Sidarus.
PR/CB