Cáritas Internacional: Encíclica do Papa chega em «momento-chave para o desenvolvimento»

Organização católica alerta para «bomba climática» que ameaça a humanidade

Lisboa, 15 jun 2015 (Ecclesia) – A Cáritas Internacional sublinhou a importância da próxima encíclica ‘Laudato si, sobre o cuidado da casa comum’, do Papa Francisco, por abordar questões ecológicas centrais para a humanidade.

“A encíclica do Papa Francisco chega num momento-chave para o desenvolvimento. A Cáritas espera que nos dê todo o ímpeto e a inspiração necessária para alcançar a transformação da mudança climática à mudança pessoal e política. Em meados dos anos 80 não sabíamos se íamos ser eliminados da terra a qualquer momento”, escreve Michelle Hough, da Cáritas Internacional.

Nesse sentido, refere que passados 30 anos a bomba que caiu “não é nuclear mas climática”, com eventos extremos como “o aumento do nível do mar, o degelo da calote polar e as pessoas que cada vez se tornam sem-abrigo e passam fome”.

A antiga editora e escritora de conteúdos para o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, em Roma, destaca que pelas informações recolhidas a encíclica do Papa Francisco concluiu que vai “encorajar” a olhar para a relação com o meio ambiente e a viver com “simplicidade”.

“Dando mais atenção ao impacto que causam as nossas decisões sobre os outros”, observa.

A Caritas Internacional está “animada” com a publicação da encíclica e contextualiza que muitas organizações do braço caritativo da Igreja Católica em todo o mundo trabalham sobre “o clima e o meio ambiente” e exemplifica que com as comunidades distribuem ajuda durante o “período da seca e dos tufões”, auxiliando as pessoas a reconstruírem as suas casas, os meios de subsistência e a “reduzir o impacto dos desastres”.

Michelle Hough adianta também que trabalham com “comunidades devastadas” por indústrias extrativas e promovem uma “mudança fundamental nas questões políticas pessoais e ambientais”.

Neste contexto, a Cáritas Internacional relaciona o tema do documento do Papa com o tema de trabalho da instituição para os próximos quatro anos – Uma família humana, cuidando de criação.

“Corrige a rota em defesa da dignidade humana, a construção de uma coexistência pacífica entre os povos e da defesa e cuidado da criação”, contextualiza.

Às críticas ao Papa por escrever sobre uma questão que não percebe, a antiga jornalista destaca que Francisco é “especialista em química” mas “acima de tudo” tem uma “bússola moral e ética que orienta mil milhões  de católicos e inúmeros interessados”  em segui-lo.

A antiga jornalista da Rádio Vaticano alerta que o futuro agora está nas “mãos de milhares de milhões de pessoas” enquanto recorda que em 1984 preocupava-se porque “o mundo ia acabar” e o “futuro da humanidade” parecia que estava seguro apenas nas mãos do presidente dos Estados Unidos da América e do presidente soviético, respetivamente Ronald Reagan e Yuri Andropov.

A encíclica ‘Laudato si, sobre o cuidado da casa comum’ é o 298.º documento do género na história da Igreja Católica e vai ser apresentado esta quinta-feira no Vaticano.

A encíclica, grau máximo das cartas pontifícias, tem um âmbito universal, onde o Papa empenha a sua autoridade como sucessor de Pedro e primeiro responsável pela Igreja Católica.

CB/OC

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