Religiões: Um abraço contra a intolerância

Cardeal, imã e rabino falaram do «diálogo das civilizações» nas Conferências do Estoril

Estoril, Lisboa, 22 mai 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa apelou hoje a uma aposta na “educação” para contrariar o fundamentalismo, num encontro com o imã da Mesquita de Lisboa e o reitor do seminário rabínico latino-americano que se encerrou com um abraço.

“A corrupção que as religiões podem sofrer ultrapassa-se com educação”, declarou D. Manuel Clemente no painel ‘Religião e o Diálogo das Civilizações’, que integrou o programa das Conferências do Estoril 2015.

A intervenção do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa apresentou um conjunto de “contributos”, “contradições”, “pilares” e “causas comuns” das religiões no mundo.

Num debate com moderação do jornalista Henrique Cymerman, o cardeal-patriarca sublinhou que o “fundo comum” de religiosidade que acompanha a humanidade é um “contributo para a paz”, a que se soma a fé num “criador universal” e no “destino comum” de cada pessoa, no monoteísmo.

Para D. Manuel Clemente, as religiões vivem contradições “graves” quando permitem “derivas políticas” ou promovem um “expansionismo de exclusão” do outro.

Nesse sentido, apelou ao compromisso por causas comuns como a “ecologia” ou a defesa dos refugiados para “criar futuro”, com o contributo de todas as religiões.

Já o xeque  David Munir, imã da Mesquita de Lisboa, manifestou “muita dor” ao verificar que “infelizmente, muitos dos muçulmanos fazem coisas que não têm nada a ver com o Islão”.

O conferencista considera necessário que o Islão seja considerado como "uma das religiões da Europa", para travar fundamentalismos.

O rabino Abraham Skorka, amigo do Papa Francisco, que acompanhou durante a visita à Terra Santa (24 a 26 de maio de 2014), manifestou-se contra a violência em nome da religião, porque não é “expressão autêntica” do culto a Deus.

Este responsável falou de valores como “empatia”, “justiça” e “paz” que ajudam a quebrar um discurso centrado no “ódio”, que passa de geração em geração.

Os três responsáveis concordaram na necessidade de promover a educação das novas gerações para travar a “radicalização” e remover, nas palavras de D. Manuel Clemente, as “pseudojustificações religiosas” da violência.

O painel evocou em diversas ocasiões as intervenções do Papa Francisco em favor da paz e em defesa dos que são perseguidos por causa da sua fé.

Simbolicamente, o debate de mais de uma hora conclui-se com uma troca de abraços entre todos os participantes, sob um aplauso da plateia.

OC

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