Santa Sé participou num fórum mundial sobre esta matéria em Baku, no Azerbaijão
Cidade do Vaticano, 20 mai 2015 (Ecclesia) – O Vaticano afirmou a importância do “diálogo inter-religioso” num fórum dedicado às relações entre os povos e culturas, que decorreu esta semana em Baku, no Azerbaijão, sob a égide das Nações Unidas.
Em entrevista ao serviço informativo da Santa Sé, o monsenhor Melchor Sanchez de Toca y Alameda, que participou nos trabalhos, salientou que “no centro de cada cultura e de todo diálogo intercultural existem questões que são profundamente religiosas”.
“Perguntas que dizem respeito ao sentido da existência, do mundo, à origem e destino do universo, à razão do sofrimento e do mal, que são questões religiosas. Portanto, não é possível separar o diálogo intercultural do diálogo inter-religioso”, sustentou.
Subordinado ao tema “Cultura e desenvolvimento sustentável na agenda para o desenvolvimento pós-2015”, este foi o terceiro fórum do género organizado pela ONU para debater “os objetivos alcançados até agora, em matéria de diálogo intercultural, e promover a compreensão recíproca entre os povos e as nações”.
Isto numa “área”, Baku, onde essa comunicação “é particularmente delicada”, recordou o subsecretário do Conselho Pontifício para a Cultura.
Para o monsenhor Melchor Sanchez de Toca y Alameda, em causa está “a ideia de que a cultura seja um lugar de encontro, uma plataforma de diálogo em que é possível encontrar-se”.
Durante o fórum, aquele responsável sublinhou ainda outros “pontos importantes” para o Vaticano, como a fronteira entre a liberdade de expressão e o respeito pelas convicções religiosas dos outros.
Um debate que ganhou maior expressão depois do atentado levado a cabo por um grupo radical islâmico à redação do jornal francês “Charlie Hebdo”, conhecido pelas suas caricaturas do profeta Maomé, em que foram mortos vários elementos da redação.
“A liberdade de expressão tem sempre um limite”, defendeu o responsável católico, para quem é urgente que a identidade religiosa de cada um seja “defendida diante dos excessos, da blasfémia pública e da ridicularização existente em alguns países”.
No entanto, nunca através da violência ou da guerra – “Matar em nome de Deus é uma blasfémia”, disse Melchor Sanchez de Toca y Alameda, para quem a instrumentalização da fé a este nível “deve ser denunciada sempre e sobretudo pelas pessoas religiosas”.
O membro do Conselho Pontifício para a Cultura referiu-se ainda à necessidade de saber distinguir cultura de identidade nacional.
“Uma coisa é a defesa da identidade nacional, outro é isolar a cultura procurando evitar qualquer contato”, complementou.
JCP