D. Jorge Ortiga discursou no encerramento do centenário da Creche de Braga
Braga, 14 mai 2015 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga salientou hoje na sessão solene do Centenário da Creche de Braga a oportunidade para repensar a atualidade deste serviço e a sua importância no contexto histórico e atual da cidade minhota.
“Quando a Creche abriu, a República manifestava uma ampla hostilidade à religião. Mas temos de reconhecer com verdade que foram as Obras Católicas que, confrontadas com as primeiras fábricas citadinas, com a migração interna e com as dificuldades da maternidade ativa, que marcaram um momento de particular gravidade na história portuguesa”, assinalou D. Jorge Ortiga.
No discurso de encerramento enviado à Agência ECCLESIA, o prelado alertou que hoje o “mundo novo” também está marcado pela “hostilidade à Igreja” ou pelo menos pela indiferença militante.
“Não será este o tempo de não ter vergonha de promover, sempre no respeito pela legislação, uma oferta capaz de educar segundo os valores de uma cultura que é a nossa?”, questionou o bispo de Braga.
Nesse sentido, destacou a validade da Creche de Braga, uma obra social que foi ao “encontro das necessidades do povo”, fundada a 3 de junho de 1915, pelo cónego D. João Cândido de Novais e Sousa.
O arcebispo de Braga recordou a implantação da República que foi o “culminar da maturação de novas ideias” e incidiu “frontalmente” na identidade da Igreja “obrigando-a a repensar a sua missão em resposta às exigências dos novos tempos”.
Neste contexto, apontou a ação, espírito de serviço e visão dos tempos do arcebispo de Braga D. Manuel Vieira de Matos, que conduziu os destinos desta Igreja local entre 1915 a 1932.
“Deus concedeu-nos a graça de ter um dos maiores arcebispos da história, apesar de insuficientemente estudado e conhecido. O protagonista do novo rumo da arquidiocese em tempos adversos. Esteve preso várias vezes por causa da sua palavra”, contextualizou.
D. Jorge Ortiga, também responsável pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, afirmou que nesse período histórico, com hoje, o trabalho da Igreja é “operativamente silencioso”.
“Dar dignidade à vida exige destreza criativa e sentido de presença junto dos pobres, que crescem cada vez mais em número, e das crianças, que cada vez mais sofrem com a ausência das mães. D. Manuel Vieira de Matos percebeu esta necessidade e colocou-a como programa de ação pastoral”, desenvolveu o prelado.
Para o arcebispo primaz, os cem anos da Creche merecem “um aplauso e o reconhecimento” da cidade, dos bracarenses.
“O caminho percorrido é honroso, apenas fiz referência ao contexto do nascimento. Que o futuro saiba reconhecer o trabalho e as intenções de tantos e tantas que colocaram a Creche de Braga nos anais da História”, concluui D. Jorge Ortiga na sessão solene aniversária deste serviço social.
CB/OC