Papa encontrou-se com 5 mil pessoas no Vaticano e pediu atenção às situações mais difíceis da sociedade
Cidade do Vaticano, 30 abr 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco apelou hoje no Vaticano à participação dos católicos na vida política, sem se deixar tentar pela corrupção, mas rejeitou a ideia de um “partido” da Igreja.
“Às vezes ouvimos: temos de fundar um partido católico. Este não é o caminho, a Igreja é a comunidade dos cristãos que adora o Pai, segue na estrada do Filho e recebe o dom do Espírito Santo. Não é um partido político”, disse, numa audiência a cinco mil pessoas da Comunidade de Vida Cristã – Liga Missionária Estudantil da Itália.
Francisco deixou de lado o discurso que tinha preparado e optou por responder a quatro perguntas que lhe foram apresentadas, em diálogo com a assembleia, questionando a capacidade de mobilização dos que defendem um partido “só dos católicos”.
“Um católico pode fazer política? Deve! UM católico pode imiscuir-se na política? Deve!”, acrescentou.
O Papa admitiu que a política “não é fácil” e que muitos se queixam de que este é um “mundo corrupto”.
“É uma espécie de martírio, mas é um martírio quotidiano: procurar o bem comum sem se deixar corromper”, precisou.
Francisco falou depois das prisões, “uma das periferias mais feias” da sociedade, e apelou à solidariedade para com os detidos, através de “gestos” e não só de palavras.
A intervenção diferenciou a “beneficência” da “promoção”, por causa dos efeitos na consciência de cada um.
“A beneficência habitual tranquiliza a alma: ‘Hoje dei de comer, agora vou dormir descansado’. A promoção inquieta a alma: ‘Tenho de fazer mais, amanhã isto, depois de amanhã aquilo’”, explicou.
Na conclusão da audiência Francisco entregou também o texto do discurso, no qual indicava à Comunidade – da qual foi assistente eclesiástico nacional na Argentina no final dos anos 70 – três prioridades para o hoje: o compromisso na defesa da cultura da justiça e da paz, a pastoral familiar e a missionariedade.
OC