Comunidade Vida e Paz: Celebrar 26 anos com mais trabalho é «denúncia» do que falta fazer na sociedade

Organização católica apresentou nova ferramenta online, feita em Portugal

Lisboa, 17 abr 2015 (Ecclesia) – O presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP) fez hoje um balanço “extremamente positivo” do trabalho desenvolvido, que considerou também “denúncia” do muito que está mal e falta fazer na sociedade, no contexto do 26.º aniversário da instituição.

“Quanto mais trabalhamos e mais situações temos para trabalhar é sinal de que há mais pessoas a necessitar de ajuda. Os números neste caso, quando se fala de sucesso, é sempre ao mesmo tempo uma denúncia e ultimamente de facto têm vindo a crescer e também em complexidade”, explicou Henrique Joaquim, no Espaço Aberto ao Diálogo (EAD), em Chelas.

À Agência ECCLESIA, o responsável contextualiza que a organização nasceu num contexto social e político diferente hoje há mais “dependências de álcool e muitas com problemas de saúde mental”.

“Às vezes derivado da própria crise financeira outras de destruturação familiar que mal ou bem também estão ligadas a esse contexto”, revela, acrescentando que se observa o aumento de casos de “recaídas” e situações de desemprego.

O 26.º aniversário foi uma oportunidade para a CVP apresentar a aplicação emvolta.pt, que vai permitir registar, acolher, avaliar e desenvolver processos de formação, gerir o trabalho na rua e “retirar indicadores” conhecendo os perfis e as necessidades relatadas das pessoas que acompanham.

“Uma aplicação informática totalmente inovadora, feita de raiz, que poderá se útil para outras organizações no futuro. Estamos a ensaiar gerir o voluntariado de maneira diferente”, comentou Henrique Joaquim, que destacou que a CVP tem de o “grande desafio” de gerir de forma muito regular cerca de “600 voluntários”.

“Em termos de definição nas rotas permite registar a informação dessas equipas que é preciosa para a equipa técnica trabalhar, ou outras instituições”, acrescentou.

Os voluntários vão criar um perfil, ter acesso ao itinerário de cada volta, fazer a sinalização das pessoas em condição sem-abrigo, preencher e consultar o relatório de volta bem como trocar opiniões sobre o trabalho desenvolvido, através de fóruns de discussão, estar a par e alertar para as necessidades urgentes da instituição.

Segundo o responsável o portal vai ter uma área que pretende ser usada como “componente de investigação” para compreenderem e acompanharem “as motivações, as intenções e os perfis de vida e humanos” das pessoas que querem ser voluntárias.

A “cereja no topo do bolo”, considerou ainda Henrique Joaquim, é o facto da aplicação ter sido toda desenvolvida em território nacional e informou que tiveram o financiamento do Montepio e de uma empresa estrangeira.

Para o futuro, o presidente da Comunidade Vida e Paz revela que estão a investir muito em serem uma organização moderna e provavelmente os primeiros em Portugal a ter uma avaliação do impacto do trabalho em valor social, certificada internacionalmente.

A CVP inaugurou também, temporariamente, uma loja no ‘Atrium Saldanha’, cedida no contexto da responsabilidade social da entidade gestora, onde valoriza vendendo e distribuindo os produtos de agricultura biológica, carpintaria, olaria, feitos pelo seus utentes e partilhando com eles o valor das vendas.

“[As pessoas] têm cada vez menos apoios sociais e no fim do tratamento têm mais dificuldades de se inserirem e terem algum orçamento para gerir”, concluiu Henrique Joaquim.

A Comunidade Vida e Paz também celebrou e assinalou o 26.º aniversário com uma Eucaristia e um almoço-convívio, com algumas pessoas que são acompanhadas, colaboradores e voluntários.

CB/OC

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