Terra Santa: Diálogo entre cristãos e judeus implica conhecimento recíproco

Franciscano Frédéric Manns, especialista no estudo da Bíblia, sublinha importância da presença cristã na região

Jerusalém, 17 abr 2015 (Ecclesia) – O religioso franciscano Frédéric Manns, que tem estudado o contexto judaico do surgimento do cristianismo, disse à Agência ECCLESIA que o diálogo entre as duas religiões exige um maior conhecimento recíproco.

“Hoje o diálogo é o fundamental, dialogar seriamente: nós cristãos temos de estudar a interpretação judaica da Bíblia”, refere o religioso, há 42 anos na Terra Santa.

O religioso sustenta que para debater “em profundidade”, a primeira etapa é “o conhecimento”.

O especialista do ‘Studium Biblicum Franciscanum’, sublinha a importância dos recentes estudos sobre Jesus e da presença cristã, na Terra Santa, hoje em dia.

“É importante conhecer toda a teologia do judaísmo para perceber melhor o ‘background’ do Novo Testamento”, precisa, antes de recordar que “cada texto da Bíblia tem um contexto vital, o do judaísmo”.

“Vivendo aqui em Jerusalém, temos a sorte de ver que o judaísmo é uma realidade viva”, conhecendo melhor a língua e liturgia, prossegue.

Frédéric Manns recorda que “já no século II, talvez mesmo antes”, as relações entre cristianismo e judaísmo se tornaram “polémicas”.

“Não podemos negar a história e infelizmente há páginas muito tristes”, observa.

Há 50 anos, com o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica disse “basta” e apelou a “uma nova etapa de diálogo”, partilhada pelo “judaísmo liberal”, capaz de compreender que “Jesus é um irmão, que se insere totalmente na tradição judaica”.

“Jesus trouxe uma novidade, não o podemos negar: temos continuidade com o judaísmo, mas uma novidade fundamental, porque Jesus assume-se como o Messias, o que cumpre toda a escritura de Israel”, acrescenta o religioso franciscano.

Frédéric Manns fala dos cristãos na Terra Santa como uma “pequeníssima minoria”, que é chamada a destacar-se pela sua “qualidade” num contexto que “não é fácil”.

“Se os cristãos mantiverem a sua própria identidade, podem ser testemunhas da ressurreição de Cristo, que é a nossa única missão”, conclui.

PR/OC

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