Vaticano: Papa associa-se a canonização de mártires arménios

Francisco apela à paz entre Arménia e Turquia após conflitos históricos

Cidade do Vaticano, 13 abr 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco associou-se à cerimónia de “canonização dos mártires” da Igreja Arménia Apostólica (independente de Roma), que decorre hoje na catedral de Etchmiadzin.

A celebração visa reconhecer a santidade das vítimas do que os arménios consideram como o “genocídio” do seu povo, levado a cabo há 100 anos pelo Império Otomano.

“Com espírito fraterno, asseguro a minha proximidade por ocasião da cerimónia de canonização dos mártires da Igreja Arménia Apostólica, que vai ter lugar no próximo dia 23 de abril na Catedral de Etchmiadzin, e das comemorações que vão decorrer em Antelias, em julho”, refere o Papa, numa mensagem aos arménios publicada no último dia 12, pelo Vaticano.

O documento de Francisco surgiu depois de o pontífice argentino ter presidido a uma Missa na Basílica de São Pedro pelo centenário do “martírio” (Metz Yeghern) deste povo e da proclamação como doutor da Igreja de São Gregório de Narek, da Arménia.

“Um século passou sobre este horrível massacre que foi um autêntico martírio do vosso povo, no qual muitos inocentes morreram”, escreveu o Papa, citando a declaração comum assinada por João Paulo II e pelo patriarca arménio Kaerkin II em 2001.

“Fazer memória de quanto aconteceu é um dever não só para o povo arménio e para a Igreja universal mas também para toda a família humana, para que a advertência que chega desta tragédia nos liberte da repetição de semelhantes horrores, que ofendem Deus e a dignidade humana”, assinala Francisco.

Segundo o Papa, ainda hoje há conflitos que degeneram em “violências injustificáveis”, resultando de instrumentalizações das diferenças “étnicas e religiosas”, pelo que "todos os que estão à frente das nações e das organizações internacionais são chamados a opor-se a tais crimes com firme responsabilidade, sem ceder a ambiguidades e cedências”.

“Que Deus nos conceda que se retome o caminho de reconciliação entre os povos arménio e turco e que a paz surja no Nagorno-Karabakh: são povos que no passado, apesar de confrontos e tensões, viveram longos períodos de convivência pacífica, e até mesmo no turbilhão de violência assistiram a casos de solidariedade e ajuda mútua”, sublinhou.

A mensagem retoma a citação da declaração de 2001, falando da morte de centenas de milhares de arménios como “o primeiro genocídio do século XX”, o que gerou várias manifestações de protesto do governo turco.

Em março de 2006, Bento XVI afirmou que a Igreja arménia “suportou em nome da fé cristã” vários “anos da terrível perseguição que permanecem na história com o nome tristemente significativo de ‘metz yeghèrn’, o grande mal”.

Dois anos mais tarde, numa celebração com o ‘catholicos’ da Cilícia dos Arménios, Aram I, o agora Papa emérito falou num “período de sofrimento inaudito” para este povo.

OC

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