Padre Antonio Spadaro, diretor da revista jesuíta ‘La Civiltà Cattolica’, sublinha atenção concreta às pessoas do atual pontífice
Lisboa, 12 mar 2015 (Ecclesia) – O diretor da revista jesuíta ‘La Civiltà Cattolica’, padre Antonio Spadaro, disse à Agência ECCLESIA que os primeiros anos de pontificado do Papa Francisco são marcados pela proximidade e por “gestos reais”.
“O Papa está muito atento às pessoas, é um pastor e é chamado, na sua missão, no seu ministério, a ser um pastor”, refere o religioso, que entrevistou o Papa em 2013 e o tem acompanhado nas várias viagens internacionais.
O padre Spadaro sustenta que este elemento da proximidade “é fundamental, não é acessório” no atual pontificado, e que só assim é possível entender Francisco.
“O seu estilo pastoral, a importância dada ao encontro pessoal, comunica que o Evangelho não é um conjunto abstrato de doutrinas, mas uma mensagem dirigida a cada um, e isso é muito bem acolhido pelas pessoas que o ouvem”, assinala.
O jesuíta apresentou recentemente o livro ‘Superar o muro’, que recorda o abraço entre o Papa Francisco, o líder islâmico Omar Abboud e o rabino Abraham Skorka no Muro das Lamentações, Jerusalém, a 26 de maio de 2014.
“É um gesto real, não é simbólico. Eles não quiseram fazer uma encenação para dizer algo simbolicamente significativo”, sublinha o autor, “é um gesto real entre três amigos”
“O caminho do diálogo é, em primeiro lugar, o do encontro, do diálogo, ou seja o da amizade”, prossegue.
Um dia antes deste encontro, em Belém, o Papa apoiou a cabeça e a mão no muro da Cisjordânia, num gesto de “cura” em relação ao conflito israelo-palestino.
“O Papa quis fazer o gesto de tocar uma ferida aberta, com um valor imparcial, diria, completamente para lá da lógica vítima-agressor”, observa o diretor de ‘La Civiltà Cattolica’.
Antonio Spadaro foi um dos participantes nomeados por Francisco para o último sínodo extraordinário dos bispos, sobre a família, no qual diz ter sido possível ver que, do ponto de vista do Papa argentino, “a doutrina está orientada para a salvação”.
“Isso não significa que a doutrina seja desvalorizada, pelo contrário. Por vezes vi contrapor misericórdia a doutrina, mas a misericórdia é doutrina. O Papa procura superar esta esquizofrenia que se manifesta nalguns casos”, precisa.
Jorge Mario Bergoglio, de 78 anos, foi eleito a 13 de março de 2013 como sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, escolhendo o inédito nome de Francisco; é também o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e o primeiro pontífice sul-americano.
OC