Diretor do Centro Televisivo do Vaticano explica transmissão «cinematográfica» que apresentou o novo pontífice ao mundo
Cidade do Vaticano, 14 mar 2015 (Ecclesia) – O mundo ficou a saber pelas 19h06 (menos uma em Lisboa) do dia 13 de março de 2013 que os 115 cardeais reunidos em Conclave no Vaticano tinham acabado de eleger um novo Papa.
Assim que se percebeu que era branco o fumo que saia da chaminé colocada sobre a Capela Sistina, o diretor do Centro Televisivo do Vaticano (CTV), monsenhor Dario Viganò, e a sua equipa assumiram posições para contar ao mundo tudo o que estava a acontecer.
Antes de mostrar Francisco, este sacerdote, nascido no Brasil, filho de imigrantes italianos, viu o pontífice argentino decidir “sentar-se num banco ao fundo e não no trono, na cadeira” que lhe estava destinada na Capela Paulina. Ali, rezou num silêncio do qual “transparecia muito sensivelmente a relação com Deus”.
O relato televisivo quis mostrar aos milhões de espetadores que esperavam pelo novo Papa que esta não era uma aparição do nada, era um caminho rumo ao Povo de Deus.
“Quando vi que se aproximavam das cortinas para as abrir, nessa altura demos o sinal, pelo que na Praça e também em casa, naturalmente, as pessoas viram o Papa alguns segundos antes de surgir à varanda”, recorda o diretor do CTV.
“Claro que há sempre fatores fortuitos: tínhamos colocado para esta ocasião uma câmara com uma grande angular, muito aberta, sobre a varanda, e isso permitia filmar o Papa, juntamente com os cardeais, e toda a colunata à esquerda, com as pessoas. A ideia, portanto, era a de um Papa que estivesse dentro de um grande abraço”, acrescenta.
Uma outra câmara oferecia ao espetador em casa o ponto de vista do Papa sobre a Praça.
“Temos então o abraço, o encontro do olhar entre as pessoas que olham para o Papa e o Papa que olha para as pessoas, uma variável muito feliz que exprimiu de imediato uma caraterística do Papa, que é o Papa do encontro, o Papa do abraço”, confessa à Agência ECCLESIA monsenhor Dario Viganò.
O sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, foi eleito no quinto escrutínio da reunião eleitoral iniciada dois dias antes. Os sinos da Basílica de São Pedro acompanharam a 'fumata', ao som das palmas das pessoas que enchem a Praça de São Pedro, debaixo de chuva, e dos gritos de 'habemus Papam'.
65 minutos depois do fumo branco surgiu o cardeal protrodiácono, D. Jean-Louis Tauran, a fazer o anúncio oficial, mas foi preciso esperar mais 10 minutos até ver Francisco pela primeira vez.
O Papa esteve à varanda durante cerca de 12 minutos, rezando com a multidão por Bento XVI e pedindo orações por si próprio, antes de abençoar os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
Francisco pediu o microfone, antes de se retirar, para deixar uma palavra a todos os que esperaram durante horas pelo final do Conclave e o receberam no Vaticano: “Irmãos e irmãs, tenho de vos deixar. Muito obrigado pelo acolhimento! Rezai por mim e até breve! Ver-nos-emos em breve: amanhã quero ir rezar aos pés de Nossa Senhora, para que guarde Roma. Boa noite e bom descanso!”.
OC