Sociedade: Centro de Estudos de Bioética dedica ciclo de colóquios às transformações na família

Padre José Nuno Silva apontou «grande défice de reflexão sobre o Homem», que abre a porta a várias «derivas»

Lisboa, 02 mar 2015 (Ecclesia) – O Centro de Estudos de Bioética preparou até 2016 um ciclo de três colóquios dedicados à temática da família e abrangendo várias vertentes, desde a histórica à social passando também pela perspetiva religiosa.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o diretor do CEB explicou que o principal objetivo do projeto é abordar “uma temática que hoje está claramente na agenda” da sociedade e à qual a Bioética “não poderia virar costas”.

Para Filipe Almeida, numa época de muitas mudanças, interessa “encontrar o fio condutor, o aspeto nuclear e central que pode permitir fazer a continuidade da família nas suas múltiplas expressões culturais”.

Intitulado “Da compreensão histórica ao seu lugar no mundo”, o colóquio contou com a presença da historiadora Helena Osswald, do professor Michel Renaud, da psicóloga Constança Biscaia e do padre José Nuno Silva, entre outros oradores.

Na opinião do capelão do Hospital de São João no Porto, as alterações que têm estado a acontecer no núcleo da família, relacionadas com a constituição dos agregados mas também com o próprio “princípio e fim da vida”, da sua “geração e gestação”, devem merecer amplo debate, sobretudo “antropológico”.

O problema, apontou o sacerdote, é que muitas vezes essa reflexão é enviesada por não partir do campo que deveria, dando como exemplo “as questões da ética da procriação”.

Desafios que caminham lado a lado com a evolução tecnológica e que “a própria Igreja” debate frequentemente no plano meramente religioso.

“Esta recolocação das questões éticas no seu âmbito próprio, que não é a religião mas é a sociedade, parece-me fundamental. Muitas vezes quer-se remediar tudo com injeções de ética, de moral, quando de facto o que existe é um grande défice de reflexão sobre o Homem e é esse défice que permite estas derivas todas”, complementou.

Será atualmente o casamento uma “aliança ou contrato”; a família “compromisso ou lei” ou a sexualidade uma questão de “fecundidade ou descendência”, foram algumas das perguntas abordadas no primeiro colóquio.

Maria do Céu Patrão Neves, que dentro do CEB vai ter a responsabilidade de compilar as conclusões dos colóquios, espera que este projeto sirva “como mote para uma discussão mais alargada a toda a sociedade sobre o modelo de família que se quer construir”.

JCP

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