Quaresma: Igreja católica constitui «Estado social» com destino das renúncias diocesanas

Professor José Miguel Sardica analisa mensagens quaresmais e afirma que bispos têm a capacidade de «lembrar verdades incómodas»

Lisboa, 27 fev 2015 (Ecclesia) – A Igreja católica, através das mensagens que os bispos diocesanos escrevem neste tempo de Quaresma, mostra “não estar à margem das dificuldades sociais e económicas” que os portugueses atravessam propondo respostas “numa espécie de Estado social informal”.

“Todas estas renúncias são verdadeiras missões de solidariedade social e todas elas somadas fazem uma espécie de Estado social informal que é tão mais necessário em Portugal quanto os sinais económicos estão melhor, mas «tardam em chegar» à vida de tantos”, afirma o professor José Miguel Sardica, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), comentando à Agência ECCLESIA algumas mensagens quaresmais escritas pelos bispos diocesanos que marcam este tempo rumo à Páscoa.

Os bispos portugueses escreveram mensagens dirigidas aos seus diocesanos sobre o tempo de Quaresma, iniciado com a celebração de Quarta-feira de Cinzas.

O comentador da Ecclesia afirma que a Igreja tem um “capital de poder” capaz de “lembrar verdades por vezes incómodas sem ser acusada de ter uma agenda política”.

“A Igreja desde há mais de 100 anos tem uma doutrina social e política; a Igreja é indiferente aos regimes políticos mas não aos conteúdos e às políticas efetivas”.

Nesse sentido, “a Igreja não podia e não passa à margem” da realidade que os portugueses atravessam.

O Papa Francisco apelou, na sua mensagem quaresmal, à necessidade de se “combater a indiferença”.

Para o docente na UCP o Papa formula um “convite” para que “nível local, familiar e pessoal, cada um, à sua escala, tenha efeitos multiplicadores”, fazendo “destas semanas até à Páscoa um tempo qualitativamente diferente”.

Nas mensagens quaresmais, cada bispo diocesano anuncia o destino da renúncia quaresmal que cada cristão é convidado a fazer nas próximas semanas.

José Miguel Sardica indica os destinos como exemplos de “efetiva solidariedade não apenas com povos distantes” mas junto “dos mais excluídos”.

“Há alguns sinais de retoma económica”, refere o docente, recordando palavras de D. Manuel Clemente na sua mensagem, “mas que demoram a chegar não apenas à vida individual de cada um mas à própria visão que temos do mundo e enquanto a retoma económica, política e civil chega ou não, é importante que a Igreja seja esse elemento de mediação”.

“A Igreja é uma voz social, um parceiro social absolutamente fundamental”.

A Quaresma é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.

O comentário do professor José Miguel Sardica pode ser acompanhado no programa Ecclesia no próximo domingo na Antena 1.

LS

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