Solidariedade: Igreja ganha em «humanidade» e realismo ao trabalhar com os sem-abrigo

Presidente da Comunidade Vida e Paz aponta que é da relação que pode nascer a transformação

Lisboa, 21 fev 2015 (Ecclesia) – O presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP), instituição do Patriarcado de Lisboa, afirmou que a Igreja “ganha em humanidade, realismo e sensibilidade” ao deixar-se questionar pela situação das pessoas sem-abrigo.

“(A Igreja) Ganha em humanidade acima de tudo. Ganha em realidade, em sensibilidade. Ganha em relações muitíssimo mais amáveis e mais amadas”, refere Henrique Joaquim, professor universitário de Serviço Social, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Para o presidente da CVP é importante assumir os alertas contra a ‘globalização da indiferença’ que o Papa Francisco tem repetido, mas sente-os como um “desafio agridoce”.

“Doce no sentido que vem reforçar a nossa missão” e  “‘agri’ porque infelizmente é preciso o Papa continuar a insistir, ou vozes da Igreja continuarem a insistir, sobre a necessidade de estarmos ao serviço dos outros”.

Henrique Joaquim entende que o “grande segredo do cristianismo” está num critério contrário da sociedade atual que vive a “apologia do bonito, do belo, do crescido, do maior, do crescente”.

Para os voluntários da instituição, tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, este desafio é “diário e noturno”, no serviço e encontro com as pessoas sem-abrigo.

“É desta relação que muitas vezes se dá a transformação das duas pessoas, a do voluntário que vai para ajudar e sai ajudado e da confiança que se gera no outro que muitas vezes se deixa ajudar e transformar do ponto de vista físico e espiritual”.

“Quando estamos mergulhados na realidade tal como ela é, com simplicidade, humildade mas também com ousadia, com coragem tornamo-nos mais humanos e mais divinos, não pela heroicidade mas pela simplicidade”.

Olhando para a Quaresma como um “tempo de transformação”, da paixão à ressurreição de Jesus, o presidente da CVP afirma ainda que é “dada uma chave de leitura gratuita para a nossa vida”. 

“Com a chave de leitura que é dada, os cristãos têm a responsabilidade de aprofundar com seriedade a sua vida, de assumir situações limite, fragilidades, carências e sentidos de esperança, de renovação, de transformação”, defende.

A entrevista está disponível na edição do Semanário Ecclesia e pode ser ouvida este domingo, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública.

LS/OC/SN

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