Francisco diz que é preciso pensar em quem sofre e erra
Cidade do Vaticano, 20 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco pediu hoje no Vaticano que os católicos ofereçam compreensão e apoio a quem está preso, em vez de os considerar como pessoas a evitar.
“’Mas eu com essa gente não…’ Olha, ele está na cadeia, se tu não estás preso é porque o Senhor te ajudou a não cair. Tens um lugar no coração para os presos? Rezas por eles, para que o Senhor os ajude a mudar de vida?”, declarou, no habitual tom coloquial das homilias da Missa a que preside matinalmente na capela da Casa de Santa Marta.
O Papa deseja que todos encontrem lugar no seu coração para “os que não cumpriram os mandamentos”, para os que “cometeram um erro e estão na prisão”.
“O que fazer por esta gente, como será a tua Quaresma?”, questionou, falando aos presentes.
Nesse sentido, Francisco acrescentou que o tempo de preparação para a Páscoa deve servir para oferecer um lugar a quem errou e a quem sofre.
“O que é que posso fazer pelas crianças, pelos idosos que não têm a possibilidade de ser visitados por um médico?”, questionou, recordando também as que esperam “oito horas” e só conseguem consulta “uma semana depois”.
Francisco falou aos que podem ir ao hospital e ser atendidos depressa, porque têm um bom plano de saúde.
“É uma coisa boa, agradece ao Senhor. Mas, diz-me: pensaste naqueles que não têm esta facilidade e quando vão ao hospital têm de esperar 6, 7, 8 horas para uma coisa urgente?”, perguntou.
Num tempo litúrgico marcado por apelos à penitência, Francisco disse que é preciso distinguir entre “o formal e o real”, porque de pouco servem as “observâncias exteriores” sem a “verdade do coração”.
“O verdadeiro jejum não é somente exterior, uma lei externa, mas deve vir do coração”, precisou.
O caminho da Quaresma, observou o Papa, é “duplo”, ligado “a Deus e ao próximo”.
“Não é somente deixar de comer carne sexta-feira, fazer alguma coisinha e depois, deixar aumentar o egoísmo, a exploração do próximo, a ignorância dos pobres”, alertou.
Em julho de 2014, o Papa visitou os detidos na prisão de Isérnia, no sul da Itália, a quem pediu que não percam a “esperança”.
No final do encontro Francisco revelou que continua a telefonar a cada 15 dias para uma prisão de Buenos Aires, onde era arcebispo, para "falar um pouco" com os jovens detidos.
OC