D. Arlindo Furtado esteve mais de meia hora a cumprimentar conterrâneos
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 14 fev 2015 (Eclesia) – O primeiro cardeal da história de Cabo Verde disse hoje no Vaticano esperar que a distinção do Papa Francisco ajude a unir mais a Igreja e os governantes do arquipélago na promoção de um “maior sentido de fraternidade, de solidariedade, de justiça social”.
“Com os nossos governantes, para quem pedimos uma luz especial de Deus, nós vamos encontrar caminhos para criarmos melhores condições de vida”, salientou D. Arlindo Furtado, em declarações aos jornalistas, após o consistório que decorreu na Basílica de São Pedro, sob a presidência de Francisco.
Centenas de pessoas acompanharam a saída do novo cardeal da basílica e este manteve-se na Praça de São Pedro durante mais de meia hora, cumprimentando os cabo-verdianos, a maior parte dos quais imigrantes, que o quiseram acompanhar.
“Todos estamos muito emocionados, graças a Deus. Que continuemos assim, com motivos para viver com sentido, com alegria, com muita abertura” declarou o bispo de Santiago, ainda rodeado por conterrâneos.
D. Arlindo Furtado assumiu que o cardinalato faz aumentar a “responsabilidade”, em particular no que diz respeito à tarefa de “testemunhar Jesus Cristo, construir a fraternidade, criar as condições humanas necessárias para sejamos felizes uns com os outros”.
O novo cardeal prometeu visitar a comunidade cabo-verdiana em Portugal, recordando todos os que se encontram na diáspora, membros de “um só povo”.
“O cabo-verdiano tem um coração grande e nós herdamos isso dos portugueses”, assinalou.
Num clima de muito entusiasmo, alguns dos presentes começaram a gritar ‘Papa, Papa’, ao que o cardeal cabo-verdiano respondeu com um sorriso, afirmando que “ninguém é proibido de sonhar”.
“Na Igreja não se procura o estatuto, não se procura o poder, não se procura o título, mas todos estamos aqui para servir, para testemunhar Jesus Cristo, para criar a fraternidade”, explicou aos jornalistas.
O bispo de Santiago revelou que em anteriores encontros com Francisco percebeu que “o Papa tem muito carinho por Cabo Verde”.
“Estamos com ele na construção da Igreja, para que ela seja cada vez mais credível”, acrescentou.
D. Arlindo Furtado espera agora que os cabo-verdianos se inspirem num dia “maravilhoso” em que se viveu uma “festa do encontro”.
“Quando há motivação, as pessoas sabem transformar os desafios e as dificuldades em oportunidades”, declarou.
O cardeal cabo-verdiano concluiu com votos de que “Deus continue a abençoar” o país e torne os seus habitantes “cada vez mais unidos”, desejou.
D. Ildo Fortes, bispo do Mindelo (Cabo Verde), acompanhou a cerimónia na Basílica de São Pedro e manifestou a sua “grande gratidão e alegria” pela criação cardinalícia de D. Arlindo Furtado.
“Somos um país pequeno, espalhado pelo mundo, mas temos aqui centenas e centenas de cabo-verdianos que vieram [a Roma] para este acontecimento, que para nós é histórico. É muito bonito”, referiu.
Como é tradição, o bispo cabo-verdiano foi inserido numa das três ordens do colégio cardinalício (episcopal, presbiteral ou diaconal), tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.
D. Arlindo Furtado é cardeal-presbítero, com o título da igreja de São Timóteo, em Roma.
OC