Missionário passionista fala sobre carisma que inclui recurso a ações de rua para anunciar momentos finais da vida de Jesus
Santa Maria da Feira, Aveiro, 17 fev 2015 (Ecclesia) – O padre Tiago Veloso, da Congregação da Paixão de Jesus Cristo (passionistas), revelou como vive o “silêncio e a oração” na Quaresma, um tempo desde que abraçou a vida religiosa é mais dedicado aos outros.
“[Quaresma] É um tempo de maior encontro com Deus mas também quando os fiéis procuram-nos mais e hoje somos mais solicitados para pregações e confissões. Torna-se no tempo em que encontramos mais as pessoas que procuram Deus”, explica o sacerdote à Agência ECCLESIA.
As duas comunidades dos missionários passionistas no norte de Portugal – Santa Maria da Feira e Barroselas – também testemunham a Quaresma por um lado mais dramático através de grupos de teatro que em “ações de rua anunciam a Paixão de Jesus, a Via-sacra, a Última Ceia”.
O jovem padre, ordenado há cerca de um ano, não considera que hoje seja mais difícil anunciar o Evangelho porque cada época histórica tem o seu “divertimento próprio, a sua distração” que “tenta sempre” afastar as pessoas de Deus, sendo este encontro um “desafio diário”.
Quando São Paulo da Cruz fundou os missionários passionistas os conventos e as casas dos religiosos focavam fora das cidades para encontrarem o silêncio que os preenchia de Deus que depois anunciavam às pessoas.
“Atualmente as casas estão no centro da cidade porque estas cresceram mas continuamos a procurar o encontro com Deus no silêncio e na solidão – da oração, da leitura, do estudo – para depois levá-lo às pessoas”, frisa o padre Tiago Veloso.
Neste contexto citadino, o entrevistado explica que “não é fácil” viver o silêncio pelas inúmeras solicitações, que começam pela porta do convento e pelo telefone, mas no seu caso específico tem o “cuidado de parar, desligar o telefone, ficar offline” e encontrar-se com Deus na oração que faz “no quarto, na capela” ou mesmo num passeio na mata para “encontrar o equilíbrio espiritual e mental” que São Paulo da Cruz “aconselhava na regra”.
Como passionista vive o sofrimento e a dor que vem ao seu “encontro”, que está à sua volta: “É saber aceitar e procurar nesse sofrimento uma mensagem de Deus, do bem, da Páscoa, da paixão salvadora.”
O padre Tiago Veloso, natural de Carregal do Sal, Diocese de Viseu, ingressou a Congregação da Paixão de Jesus Cristo aos 18 anos de idade e adianta que ser missionário passionista hoje “é uma grande aventura e desafio”.
“Transmitirmos a mensagem às pessoas que a paixão de Jesus continua atual a acontecer e é fonte de vida para a humanidade”, comenta sobre a espiritualidade religiosa ligada à cruz, ao “sofrimento redentor” que procura uma “saída para a vida, para a ressurreição”.
A Quaresma que se inicia com a celebração de Quarta-feira de Cinzas (18 de fevereiro, em 2015), é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
Durantes este tempo litúrgico, o programa de rádio ECCLESIA vai apresentar testemunhos de religiosos, de segunda a sexta-feira, às 22h45, na Antena 1 da Rádio Pública.
LFS/CB