Lisboa, 27 jan 2015 (Ecclesia) – O vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa numa análise transversal destaca o contributo da instituição de ensino para Portugal e apresenta-a como “um laboratório” onde os diferentes diálogos “se testam diariamente” e o Evangelho “é fator de correção”.
“Numa Universidade sabemos que a verdade não se possui ou possui-se por momentos porque a ciência vive de hipóteses e vive na contínua superação das várias hipóteses”, comenta o padre José Tolentino Mendonça para quem o Evangelho “inspira” e “é sempre chamado a corrigir”.
À Agência ECCLESIA, o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) apresenta-a como um “grande átrio” onde a pluralidade humana “não é entendida como uma ameaça” porque a verdade “não nasce das perspetivas monolíticas” mas também da capacidade do encontro “inesperado com o diverso”.
Para o entrevistado, a instituição de ensino com as diferentes áreas de saber é um “laboratório por excelência” onde o diálogo “se testa diariamente” porque o atua na educação, na ciência, na investigação, na publicação, na descoberta e na inovação.
Desta forma, a UCP contribui para o diálogo entre civilizações e religiões através da criação de conhecimento sendo um “grande balão de ensaio “de outro “estilo de convivência social” que é útil para sociedades que “precisam muito” das universidades para ajudarem a “desenhar novas coreografias para a política da cidade”.
Uma universidade com diversas escolas de formação e áreas de saber onde a política e a economia também faz parte do currículo.
“A economia em si não é católica, tem de ser um instrumento ao serviço de valores que servem para a construção”, adianta o vice-reitor da UCP que alerta que nas ciências “há uma liberdade” que é própria da construção científica.
“Não podemos batizar as ciências mas têm de estar claramente colocadas ao serviço da pessoa humana e dos grandes valores do Evangelho”, observa.
O interlocutor assinala que “não há apenas” uma economia ou um direito mas teses e perspetivas diferentes com a “compreensão” que o saber não é uma finalidade mas um instrumento ao “serviço da construção de um mundo melhor, mais fraterno, mais justo”.
Neste contexto, o padre José Tolentino Mendonça acrescenta que as instituições de ensino superior “não” se devem deixar “afunilar” numa direção única de preparar os alunos para o mercado de trabalho, onde há a “pressão” de perceber se o que se estuda prepara-os para o futuro, mas que seja também “o espaço da procura livre do teste”.
A reitora da UCP na mensagem para o Dia Nacional da UCP desafiou os alunos a estarem onde estão os desafios do dia-a-dia e a serem protagonistas da história.
Para o vice-reitor, a universidade tem de dar consciência que os alunos não sejam apenas uma “peça numa grande engrenagem” mas que têm a “capacidade, engenho e inventividade” de dar um contributo que seja “autêntico” com base na “realidade” e dialogue com o “contexto onde vive”.
O responsável considera ainda que é preciso “vencer ideias feitas” sobre a UCP ser elitistas ou fechada em si mesmo e revela que a ação da instituição tem sido no sentido de estar “verdadeiramente” ao serviço da Igreja, da comunidade portuguesa e internacional na área da formação pela educação e investigação para “servir a verdade”.
“Nestes 50 anos orgulha-se de ter criado um percurso de excelência contribuído visível para a melhoria do estado de vida, da cidadania em Portugal a favor da qualificação da juventude”, frisou o padre José Tolentino Mendonça.
PR/CB