Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2015 foi apresentada esta terça-feira em Roma
Cidade do Vaticano, 27 jan 2015 (Ecclesia) – O secretário do Conselho Pontifício "Cor Unum", organismo da Santa Sé responsável pela promoção das atividades caritativas da Igreja, desafiou hoje os cristãos a afirmarem-se cada vez mais como um bastião contra a indiferença no mundo.
“Para que a proposta de vida cristã em comunidade, onde que todos são tidos em conta, possa ser não uma quimera mas uma realidade assumida, não um sonho mas um sinal forte da presença da misericórdia de Deus”, frisou D. Giampietro Dal Toso, durante a conferência de imprensa de apresentação da mensagem do Papa para a Quaresma 2015.
A mensagem que Francisco dedicou ao período de preparação para a Páscoa deste ano tem como título “Fortalecei os vossos corações” e exorta a sociedade e a Igreja a combaterem a “globalização da indiferença” que hoje atinge o mundo.
Para o Papa argentino, a forma como a sociedade, sobretudo a Ocidental, assiste hoje impavidamente ao sofrimento de milhões de homens, mulheres e crianças é insustentável.
Neste âmbito, convida a Igreja, as suas paróquias e comunidades, a serem “ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença”.
O monsenhor Giampietro Dal Toso realçou que “a globalização da indiferença não é apenas um fenómeno geográfico mas também cultural”, e que antes de afetar as “relações sociais” condiciona logo à partida a própria “atitude” das pessoas perante os outros.
Uma sociedade cujos membros estão demasiado “voltados sobre si próprios”, é uma sociedade condenada “à morte”, salientou o secretário do Conselho Pontifício "Cor Unum".
Sendo a Quaresma “um tempo propício à mudança”, é fundamental que a Igreja Católica, através das suas comunidades, dê o exemplo, que ajude o mundo a “entrar numa nova fase”.
Muitas vezes “tende-se a olhar para a Igreja como uma grande instituição, uma grande estrutura”, no entanto “o Papa diz que ela é sobretudo um corpo, um corpo vivo de pessoas que acreditam em Deus”, lembrou o monsenhor Giampietro Dal Toso.
E como “a vitalidade de um corpo depende da saúde de todos os seus membros”, viver a Igreja tem também de significar “uma rutura com o individualismo, com a indiferença e o egoísmo”, complementou.
Como conseguir essa transformação? Para além das expressões sociais de solidariedade e de caridade, que os cristãos são chamados a fomentar, a mudança acontece também no plano da vivência da fé, da atitude perante Deus, isto porque “Deus não é indiferente”.
De acordo com o secretário do Conselho Pontifício "Cor Unum", aqui entra o apelo que o Papa tem feito aos cristãos para “superarem uma fé funcional”, meramente orientada “para a salvação de si mesmos”, para o “benefício próprio”.
A apresentação da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2015 contou ainda com a participação do subsecretário do Conselho Pontifício "Cor Unum", monsenhor Segundo Tejado Muñoz, e pelo secretário-geral da Cáritas Internacional, Michel Roy.
JCP